quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Leituras do mês: Agosto #2018


Saudações, galeres, tudo bom?

Sabe, as pessoas sempre dizem que agosto é um mês infinito, que nunca passa, mas eu acho que esse agosto passou voando. Parece até que foi ontem dia primeiro e o povo estava com os memes do agosto infinito. O que será que está acontecendo com minha percepção do tempo? Anyways, estou escrevendo isso as 3h41 da madrugada, ouvindo LY: Answer, e talvez por isso nada esteja fazendo sentido. Será que um dia terei uma rotina de sono saudável?

Livros


 Estamos Bem A Fúria dos Reis Holocausto Brasileiro O Labirinto dos Espíritos

Eu li quatro livros em agosto, dois livros bem curtos e dois livros gigantes, então acho que foi um mês equilibrado.

O primeiro livro que terminei foi o incrível Estamos Bem. É um livro ya sobre luto, depressão e amizade, com uma protagonista lésbica. O livro se passa alguns meses depois da morte do avô da protagonista. Ela já era órfã, e agora não tem família nenhuma. Suas economias estão quase no fim e sua depressão a impede de seguir em frente e procurar um trabalho ou aceitar ajuda. E Mabel, sua melhor amiga, tenta oferecer sua ajuda a todas as custas. Eu realmente adorei esse livro, e logo irei postar uma resenha em vídeo que fiz para o canal.


Em agosto eu finalmente terminei de reler A Fúria dos Reis. Eu queria reler os cinco livros antes do lançamento do sexto, e o pior é que mesmo lendo um livro do Martin a cada seis meses eu ainda acho que terminarei de reler tudo antes do próximo livro. Já cansei de falar sobre como amo Game of Thrones aqui, então não irei me repetir, mas digo que nessa releitura eu estou marcando todas as mortes que acontecem. Quando tiver relido os cinco livros irei postar uma foto dos livros e os post-its marcando as mortes.

Também li um livro de não-ficção, uma espécie de livro-reportagem sobre o hospital Colônia em Barbacena. O livro se chama Holocausto Brasileiro e fala sobre os terrores vividos por aqueles que eram internos do Colônia antes, durante e depois da ditadura militar. É um livro chocante sobre crueldade, tortura, preconceito e desumanização. Um verdadeiro livro de terror, com relatos inacreditáveis e fotos de partir o coração. Também irei postar uma resenha em vídeo em breve.

Por último, mas nunca menos importante, eu terminei de ler a saga do Cemitério dos Livros Esquecidos. O quarto e último livro, O Labirinto dos Espíritos, foi um livro enorme que passou voando e levou meu coração com ele. Irei fazer uma resenha/guia da série toda no canal, mas queria dizer que esse quarto livro realmente foi o meu favorito. A Sombra do Vento foi um livro detetivesco que investigava camadas familiares. O Jogo do Anjo é uma história dramática e triste sobre um homem que está enlouquecendo. O Prisioneiro do Céu é um flashback histórico que denúncia os horrores da guerra e da ditadura na Espanha. O Labirinto dos Espíritos é tudo isso, e mais! Chorei muito ao terminar de ler o livro. Me sinto órfã dos Sempere.
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Enfim galeres, foi isso que eu li em agosto! Já comecei a reler A Tormenta de Espadas, e estou ansiosa para ver certos personagens morrerem novamente [insira risada maligna].

Vocês costumam reler livros? Já leram algo do Zafón? O que acham de livros de não-ficção? Um beijo, pessoal, e até o próximo post!


Oi, vocês sabiam que IDOL é
do Namjoon? Contra fatos
não há argumentos.

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Melhores de Agosto #2018 [Séries, podcasts, jogos e mais!]

Eu vivi para ver Kim Seokjin no centro da coreografia.

Ooooolá pessoal, tudo bom?

Se tem algo que eu posso dizer sobre agosto é que foi um mês bastante movimentado. Trabalhei muito (eu acho que corrigi uns 10 livros esse mês), li bastante (não vários livros, mas livros bem grandes) e coisas boas aconteceram (por exemplo, fui promovida a veterana na minha cia. de teatro). E, mesmo assim, ainda sinto que o mês passou voando! Também assisti coisas bem interessantes.

SÉRIES


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Eu sou o Titus, o Titus sou eu.
[Eu te invejo. Nunca tive o prazer de me conhecer.]


Unbreakable Kimmy Schimidt é um dos melhores sit-coms da história. A quarta temporada será a última, o que é bem triste, mas realmente não via como essa série poderia ser muito mais longa que isso. A Netflix liberou a primeira parte da quarta temporada recentemente, e a segunda parte saíra em janeiro.


Enfim, essa é uma série sobre Kimmy, uma mulher que ficou 15 anos presa num bunker por causa de um culto de um pastor maluco, e agora que saiu do cativeiro ela tem que aprender a viver a vida. Kimmy é muito animada e sem noção, e vive coisas muito absurdas, e a série é divertida justamente pelas críticas sociais e o humor negro.

Destaque para o episódio do documentário na quarta temporada. Foi um dos episódios mais hilários que eu já vi, eu ri tanto que mal consegui almoçar (eu assisto Netflix no trabalho durante meu horário de almoço lol). Foi uma paródia incrível da cultura neckbeard (credo) e de documentários true crime, estilo Serial (que é muito bom!).

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Falando em documentários true crime, eu também assisti Gênio Diabólico esse mês. Não é bem uma série, consiste em apenas uma temporada com quatro episódios, contando sobre dois crimes diferentes interligados de forma absurda.

Um dia Brian Wells foi entregar uma pizza e acabou tendo uma bomba amarrada em seu pescoço, sendo obrigado a roubar um banco para não morrer (mas ele morreu mesmo assim). Tempos depois, na mesma cidade, Bill Rothstein liga para a polícia e diz que sua ex-namorada matou um homem e pediu para ele esconder o corpo. Marjorie Diehl tinha um histórico de doenças mentais e um rastro de namorados, noivos e maridos mortos misteriosamente. Os crimes tem muito em comum, principalmente o fato de que é quase impossível saber quem é o gênio por trás de seus planejamentos, mesmo tudo apontando para Marjorie.

Eu amei esse documentário. O final foi surpreendente, com o jornalista desvendando um crime que nem a polícia ou o FBI puderam descobrir, o que mostra que humanizar as pessoas funciona mais do que sair prendendo todo mundo e fazendo interrogatórios.



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A Isabel assiste os melhores kdramas e, felizmente, é um anjo que os recomenda para mim. Ela havia me recomendado Goblin faz tempo, se pá em abril, e eu tinha assistido ao primeiro episódio e pensado: "NOPE". Isso por que o casal principal é uma menina de 19 anos e um homem de 900+ que sequer tem a desculpa do Edward Cullen de ter um corpo adolescente, pois na série ele tem 35 anos (o ator tem 39). 

Fiquei apreensiva. Mesmo a atriz tendo quase 30 anos eu achei estranho ver uma série com um cara de 35 anos namorando uma menina de 19. Aprendi do pior jeito como esse tipo de relacionamento não é saudável, e por isso eu acabei deixando o drama de lado.

Contei isso pra uma outra amiga kdrameira, a Paloma, e ela me disse para dar uma chance e ver como a dinâmica do casal funciona antes de decidir não assisti. Eu então assisti mais dois episódios, agora estou quase acabando a série, e não consigo parar.

Goblin conta a história de Ji Euntak, uma menina de 19 anos cuja mãe morreu quando ela era pequena e que foi criada pela tia, uma mulher abusiva e cruel. Euntak sempre teve uma habilidade misteriosa de ver fantasmas, que diziam que ela era a "noiva do Goblin", seja lá o que isso for. Até o dia em que Euntak está fazendo aniversário e invoca sem querer o Goblin, que parece tão confuso quanto ela. Pior: o Goblin é amigo do ceifador que levou a alma da sua mãe, e que quer levar a alma dela, pois Euntak devia ter morrido na infância.

O Goblin é Kim Shin, um guerreiro tradicional coreano que morreu com uma terrível maldição sobre si, que fez com que sua alma voltasse para a terra e vivesse em punição. Ele só pode morrer e encontrar a paz quando conhecer sua noiva e ela retirar a maldição (materializada numa espada trespassada em seu peito) dele. Com isso, a noiva libertará o Goblin de sua punição divina. Mas ela também será a responsável pela sua morte.

A série é muito linda, Euntak é hilária e todas as demais personagens são demais. A série gira muito mais em torno de Goblin querer que Euntak tenha uma bela e longa vida e o liberte da maldição do que de fato um romance. A situação deles é praticamente platônica. Ainda não terminei a série, mas no post do mês que vem vocês me verão chorando por causa de Goblin. 

FILMES


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[Ou eu sou uma psicopata em pele de cordeiro, ou eu sou como você]


Eu estava na vibe dos documentários true crime e assisti Amanda Knox, da Netflix. O documentário conta a história do assassinato de Meredith, uma garota britânica que estava estudando na Itália quando foi estuprada e violentamente assassinada. Sua colega de casa era Amanda Knox, uma menina americana, e logo a polícia italiana suspeita que Knox e seu namorado, o italiano Rafaelle, foram os responsáveis pelo crime. Pensam isso por que Amanda age de forma estranha depois do crime, e "dava indícios" de ser uma pervertida sexual.

O caso foi resolvido e outro rapaz que confessou estar na casa de Meredith foi condenado à prisão, e Amanda e Rafaelle foram absolvidos (depois de quatro anos de prisão e muitos julgamentos). Eu não sou detetive e muito menos sei das coisas, mas vendo o documentário eu tive a ideia de que Amanda realmente era inocente e que foi enquadrada por ter posts sexuais nas redes sociais, que eram meio estranhos, mas não indícios de tendências homicidas. Acho que o sensacionalismo se juntou ao fanatismo religioso do investigador, e Amanda sofreu por isso. Mas recomendo que assistam ao documentário (com 1h30 de duração) e decidam por si só.


PODCASTS



Jovem Nerd, Azaghal e suas esposas foram para a Rússia durante a copa do mundo e prepararam um episódio hilário sobre a viajem. É um episódio longo, mas eu ouvi tudo com gosto, e ri tanto da história do Fox Sport que quase chorei no ônibus. Eles falaram um pouco sobre os lugares interessantes que visitaram, comidas e restaurantes diferenciados e, é claro, sobre como quase foram assassinados. Excelente episódio.


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Não é segredo que eu adoro Welcome to Night Vale, mas um dos episódios recentes foi tão bom que precisei vir falar dele aqui. O podcast é um drama em forma de programa de rádio no qual o narrador, Cecil Palmer, dá notícias sobre a cidade de Night Vale. Mas essa é uma cidade bizarram onde todas as teorias da conspiração e coisas sobrenaturais existem (exceto montanhas e anjos). Se você nunca ouviu o podcast, recomendo que ouça Bedtime Story e depois ouça tudo desde o início. Mesmo sendo o episódio mais recente ele com certeza é uma ótima introdução à história.
MÚSICA




O BTS precisa dar uma segurada nos comebacks, pois não estou sobrevivendo. Já contei há um tempo atrás sobre o dia do lançamento de Tear. O lançamento de Answer foi menos dramático, mas ainda assim não foi fácil. Na quinta-feira à noite eu planejei ir dormir lá pelas nove horas, a fim de poder acordar às 5h30 e assistir IDOL assim que o vídeo saísse, bem como ouvir Answer no Spotify. Mas, como o desastre ambulante que sou, acabei indo dormir depois da meia-noite e acordando às 5h da manhã. Eu me sentia um zumbi, mas logo fui lendo teorias no twitter e me animando. Assim que o clipe saiu eu fiquei hipnotizada. Foi diferente de Fake Love, pois IDOL é dançante e colorido e cheio de detalhes. Não conta pra ninguém, mas acho que até gostei mais de IDOL do que Fake Love.
Mas sério, depois de assistir IDOL em loop por quase uma hora eu me levantei pra me arrumar pro trabalho. Ouvi Answer enquanto isso, e estraguei minha maquiagem chorando com as músicas. Alias, mal acreditei que os meninos realmente tinham feito uma música com a Nicki Minaj. Foi karma, pois no dia anterior eu tinha rido dessa teoria no twitter.
Enfim, foi um comeback lindo. As três trivias da rap line foram maravilhosas (por que as músicas solo do Yoongi são sempre as minhas favoritas?) e as músicas da vocal line já sabíamos que eram fantásticas, mas foi bom tê-las no Spotify. Destaque para Euphoria, pois Jungkook got me Jungshook, e Epiphany, um tapa na cara de quem fala mal do Jin. I’m fine foi linda e Answer: Love Myself me fez chorar. E o remix versão rock de DNA me pegou de surpresa. Ótimo fim para a era Love Yourself. A única decepção foi não ter Ddaeng no álbum.



Me sinto uma fã ruim, pois eu estava tão focada no comeback do BTS que sequer fiquei sabendo que o Fall Out Boy, minha banda favorita, ia lançar música nova. Só soube quando o EP Lake Effect Kid apareceu nas minhas recomendações do Spotify.  O EP tem apenas três músicas, todas sobre Chicago, a cidade em que Pat, Pete, Hurley e Joe nasceram. São três músicas espetaculares, com um som reminiscente de Folie à  Deux, mas ainda com a pegada pop punk que eles tem adotado nos álbuns mais recentes. Curti muito, mas acho que essas músicas não serão parte de nenhum CD novo. Creio que eles ainda estão focados no tour de MANIA. 




Também fui pega de surpresa com o lançamento de Mantra, uma música nova do Bring me the Horizon. Apesar de ser emo raiz, eu detestava as músicas antigas do BMTH. Eram muito ruins, e mesmo eu gostando de screamo não suportava aquela gritaria que nem fazia sentido do Sykes. Mas desde de Sempiternal eles tem feito um som mais limpo e interessante, e That’s the Spirit me converteu como fã. Mantra é uma música bem legal, apesar de eu ainda achar muito parecida com as músicas de TTS. Mas o clipe é genial e super bem feito, e estou ansiosa pro disco novo! 


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Enfim galeres, é isso por hoje! Espero que tenham gostado do post. Vocês gostam de documentários true crime? Já assistiram alguma novela coreana? O que acharam das músicas novas do BTS e do Fall Out Boy? Digam nos comentários!

Um beijo, um queijo, e até o próximo post!

sábado, 18 de agosto de 2018

Resenha de "Ouça a Canção do Vento" e "Pinball, 1973" (Desafio Murakami #05)



Olá galeres, tudo bão?

E chegamos à quinta resenha do Desafio Murakami! Parece que já li muito, mas ainda há muitos livros desse jovem idoso (?) japonês que eu ainda não li.

A resenha de hoje é dos dois primeiros livros da Trilogia do Rato (que tem quatro livros). Os dois primeiros volumes foram publicados em uma só edição. Os livros são:

1) Ouça a canção do vento
2) Pinball, 1973
3) Caçando carneiros
4) Dance dance dance



A resenha dos demais livros sairá logo! Espero que estejam ansiosos =D

Se você gostou do vídeo, então deixe seu like! Se tem algo a dizer, escreva nos comentários! Se quiser ver mais resenhas do Murakami (e de outros autores) sinta-se à vontade para se inscrever. Até o próximo vídeo õ/



segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Quinze Dias, de Vítor Martins


OOOooooolar pessoinhas, tudo bom com vocês?

Hoje trago uma singela resenha do livro Quinze Dias, do maravilhoso e divertido Vítor Martins. Espero que gostem! Se você tiver qualquer dúvida, comentário ou sugestão, não hesite em deixar um comentário neste vídeo!




[Insira aqui aquele vídeo da Lady Gaga fazendo elogios]

Eu estava no ponto de ônibus e muito entediada, então peguei meu celular e abri o app do Kindle para ler algo. Já tinha terminado um e-book no dia anterior e queria começar um novo. Sem saber o que eu estava fazendo, abri Quinze Dias e comecei a ler. Menos de 24 horas depois eu tinha terminado o livro e estava chorando de emoção na sala de casa.

Quinze Dias é um livro importante. É mais do que um YA LGBT+. É mais do que um livro adolescente com romance fofinho. É uma história poderosa, com personagens fortes, temas muito relevantes e, como se não bastasse, é um livro hilário. Sério, olharam estranho para mim rindo alto no ônibus uma boa dezena de vezes.

O livro conta a história de Felipe, um garoto adolescente que é gordo e gay. Ele sempre sofreu bullying na escola por ser gordo, por isso está muito feliz por estar entrando de férias. Agora ele poderá ficar moscando em casa por dias, sem se preocupar com nada. Infelizmente, seus planos vão por água abaixo quando sua mãe concorda em hospedar um garoto que mora no mesmo prédio cujos pais estão indo viajar por quinze dias. Pior: esse garoto, Caio, é a paixão platônica de Felipe desde que ele é criança.

Felipe e Caio não se dão muito bem a princípio, apesar de estarem tentando fazer amizade um com o outro. Mas 15 dias são 360 horas, e muita coisa por acontecer nesse tempo. Durante essas duas semanas conhecemos bem a mãe de Felipe (eu amo essa mulher), Caio e suas amigas Beca e Mel, a psicóloga do Felipe e Dudu, uma criança que tem aulas de arte com a mãe de Felipe. Só personagens espetaculares.

Felipe tem muitos problemas com auto-imagem e auto estima, e o autor soube trabalhar muito bem esse tema, colocando uma personagem que tenta se aceitar e falha (Felipe) e outra que se aceita, mas sofre por isso (Beca). A questão da homossexualidade foi espetacularmente bem abordada, pois temos quatro personagens LGBT+ nesse livro e todas são únicas e tiveram vivências diferentes. Aliás, adorei a parte em que Mel diz ter namorado um rapaz antes de namorar Beca e Felipe fica confuso. Ainda existe muita bifobia dentro da comunidade LGBT+, e gostei do autor ter abordado isso de forma leve e divertida. 

Esse livro foi lindo demais. Eu estou convencida de que eu e Felipe somos exatamente a mesma pessoa, e posso provar: somos gays, gordos, odiamos cheetos sabor requeijão, sabemos piadas de episódios específicos de friends e não temos crushs em gente hétero, pois já sofremos o suficiente e não precisamos disso também. Mas, brincadeiras à parte, Felipe é uma personagem muito relatable e genuína, um excelente protagonista. Sua jornada de 15 dias consiste nele tentando fazer amizades e aprender a se aceitar. Claro que 15 dias não curam uma vida de gordofobia e homofobia, mas em nesse tempo Felipe aprende muita, muita coisa. E eu, que li esse livro em apenas um dia, aprendi bastante também.

Alguns quotes excelentes:

“E, para ser sincero, acho que se o Caio fosse hétero eu não sentiria essa paixão toda por ele. Eu gosto de garotos que são claramente gays porque eu sou claramente gay e sonho com alguém que possa ser claramente gay junto comigo. O tipo hétero não me atrai muito”.

“Eu geralmente sou só uma consequência na vida dos outros. Nunca uma escolha”.

“Eu já assisti a comédias românticas e freqüentei a terapia por dentro demais para saber que minha felicidade não pode depender de outra pessoa. Mas ainda assim eu queria ter alguém que me chamasse de Vida e me convencesse a entrar na piscina e dissesse que me ama baixinho, de um jeito que só dá pra ouvir bem de perto”.

“Quando eu tinha oito anos minhas tias já insistiam em me colocar numa dieta. Quando você é mulher, ser gorda nunca é fofo. Você precisa ser sempre magra”.

“Às vezes eu olho a tela do celular de quem senta do meu lado no ônibus e julgo mentalmente se o papel de parede for uma foto da própria pessoa”.

“É difícil acreditar que alguém realmente gosta de você quando você passa a vida escutando que é um gordo nojento. É difícil acreditar que você pode ser feliz com alguém quando você passa a vida escutando que ser gay é errado e seu destino é queimar no inferno”.

“Acho que eu sempre me mantive tão ocupado tentando não ficar mal, que eu acabei esquecendo de tentar ficar bem”.

UM RECADO PARA O AUTOR, CASO UM DIA ELE LEIA ESSA RESENHA: Não existem músicas ruins do Linkin Park. Eu retiraria essa falácia do livro em caso de reedição.

Enfim, brincadeiras á parte, espero que tenham gostado da resenha e sintam vontade de ler o livro. Até o próximo post, seus lindos!


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segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Resenha de "Kafka à beira-mar" (Desafio Murakami #04)


Ooooolá pessoinhas, tudo bom?

Hoje trago a quarta resenha do Desafio Murakami. Realmente espero que gostem! Esse livro é muito profundo, então fiz uma resenha escrita & uma resenha em vídeo. As resenhas se complementam, espero que curtam ambas!




“E você vai atravessá-la, claro. Falo da tempestade. Dessa tempestade violenta, metafísica e simbólica. Metafísica e simbólica, mas ao mesmo tempo cortante como mil navalhas, ela rasga a carne sem piedade. Muita gente verteu sangue dentro dela, e você mesmo verterá o seu. Sangue rubro e morno. E você vai apará-lo com suas próprias mãos em concha. O seu sangue e também o de outras pessoas E, quando a tempestade passar, na certa lhe será difícil entender como conseguiu atravessá-la e ainda sobreviver. Aliás, nem saberá com certeza se ela realmente passou. Uma coisa porém é certa: ao emergir do outro lado da tempestade, você já não será o mesmo de quando nela entrou. Exatamente, esse é o sentido da tempestade de areia”. – Prólogo.


Antes mesmo de eu saber qualquer coisa sobre o Murakami como escritor eu já havia ouvido falar de Kafka à Beira Mar. Não iria tão longe a ponto de dizer que é seu livro mais famoso – acho que 1Q84 é sua obra mais famosa – mas eu sempre tive curiosidade de ler esse livro. Mas ele é muito longo, um dos mais longos do Murakami, e eu acabei deixando essa ideia de lado por um tempo.



Quando finalmente comecei a ler o livro eu me deparei com uma história diferente de absolutamente tudo o que eu imaginara. O livro inverteu todas as ideias e pressuposições que eu tinha em relação à história. Não foi um livro perfeito, mas com certeza foi um dos livros mais inovadores e únicos que já li.



“Certos tipos de imperfeição tornam uma obra potencialmente mais atraente por causa da imperfeição – ao menos para certo tipo de artista”. – Capítulo 13.



O livro conta com duas narrativas paralelas que, exceto por alguns momentos extremamente esporádicos, praticamente não se encontram. 



Primeiramente somos introduzidos a um menino chamado Kafka Tamura. Ele está prestes a completar 15 anos e está planejando a sua fuga de casa. Kafka precisa fugir de casa pois seu pai, um escultor famoso, profetizou que ele estupraria a mãe e a irmã e mataria o próprio pai ao fazer 15 anos. Kafka quer fugir desse destino e, por isso, faz uma mala com tudo de que precisa e pega o primeiro trem para o lugar mais longe que consegue imaginar. Mas fugir da profecia pode ser bem mais difícil do que ele imagina, uma vez que sua mãe abandonou seu pai quando ele nasceu e ele não sabe para onde ela foi, ou qual é a sua aparência.



Claro que já vemos grandes semelhanças desse plot com a tragédia grega de Édipo Rei. Pela primeira vez fiquei feliz por ter lido essa peça na faculdade. Édipo é um garoto inteligente e forte, filho de simples agricultores. Quando atinge a maioridade, o oráculo local profetiza que ele está destinado a matar o pai e dormir com sua mãe. Horrorizado, Édipo decide abandonar sua família e se aventurar longe da cidade onde cresceu. Ele acaba derrotando um terrível rei, tomando seu lugar e se casando com a antiga rainha, uma mulher mais velha. Édipo faz tudo isso sem saber que ele, na verdade, era filho desse rei e dessa rainha, e que seus pais agricultores eram pais adotivos.



Claro que a história de Kafka Tamura é apenas distantemente baseada em Édipo, ainda que tenhamos vários dos elementos clássicos presentes na obra. A questão da imprevisibilidade e inevitabilidade do destino é muito trabalhada no romance – nossas personagens estão cercadas pelo fatalismo. Ao mesmo tempo, Murakami aborda de forma inovadora a questão da hamartia – a grande falha que leva um herói à sua ruína. Nas tragédias gregas era imprescindível que um herói tivesse uma falha fatal que fosse a responsável por sua queda. No caso de Édipo, sua falha era a ignorância de seu destino e sua vontade de viver de forma honesta a todo custo. Em Kafka Tamura, as coisas são bem mais complicadas.



“As pessoas são arrastadas para tragédias cada vez maiores em virtude de suas qualidades, e não de seus defeitos. Exemplo marcante disso é Édipo Rei, de Sófocles. A tragédia de Édipo não é produto da indolência ou da estupidez da personagem, mas de sua coragem e honestidade. O que, inevitavelmente, vem a ser uma ironia”. – Capítulo 21. 



Kafka consegue fugir com sucesso. Ele vai parar numa cidade distante na qual existe uma biblioteca dos sonhos, a Biblioteca Memorial Komura. Essa biblioteca é um centro de pesquisa para aqueles que estudam arte, história e literatura japonesa. Após se tornar amigo do bibliotecário e conseguir um lugar provisório para viver, Kafka pensa que não precisa mais se preocupar em ser o assassino de seu pai. Até o dia em que ele vê na televisão que seu pai foi cruelmente assassinado e que a polícia está em busca de seu filho desaparecido. Para piorar, Kafka teve um episódio terrível de amnésia no dia em que seu pai foi morto.



“Deuses gregos são seres mais míticos que religiosos. Ou seja, possuem os mesmos defeitos emocionais dos humanos. São temperamentais, lascivos, ciumentos e esquecidos”. – Capítulo 17.



A outra linha narrativa que se desenvolve é a do idoso Nakata. Nakata é minha personagem favorita do livro, talvez até mesmo seja uma das minhas personagens favoritas de toda a literatura do Murakami.



Nakata é um senhor de idade que, quando criança, sofreu um acidente terrível que o deixou com uma deficiência mental curiosa. Ele não consegue mais ler ou escrever, e seu raciocínio é limitado, mas ele ganhou a habilidade de conversar com gatos. Ele viveu uma vida simples como carpinteiro, contando com ajuda financeira dos irmãos e do governo. Agora que é aposentado, Nakata gasta seus dias vivendo de forma extremamente simples e procurando gatos perdidos. Ele é conhecido em seu bairro por sempre ser capaz de encontrar gatinhos que fugiram de casa, e muitas famílias o contratam quando seus bichinhos desaparecem. 



Até que, um dia, Nakata é contratado para encontrar uma gatinha chamada Goma. Goma desapareceu há alguns dias e duas crianças estão doentes por causa do desaparecimento. Os pais das meninas contratam Nakata, e ele aceita o trabalho com prazer. O problema é que, ao conversar com os gatos da vizinhança, Nakata parece ter se deparado com um mistério terrível: um homem de vestimentas curiosas tem sequestrado gatinhos de rua para fazer alguma espécie de crueldade. Segundo uma gatinha siamesa, Goma foi levada por esse homem.



Nakata é obstinado e decide encontrar o tal homem das vestimentas curiosas. Ele de fato acaba encontrando esse homem – que é uma das personagens mais curiosas e sem noção sobre a qual já li, mas não vou dar spoiler – e acaba se envolvendo numa trama misteriosa envolvendo uma roadtrip com um caminhoneiro e uma pedra de abertura, seja lá o que isso for.



“Pois saiba que eu gosto de gente diferente – disse o motorista. – Acho que, hoje em dia, é preciso desconfiar das pessoas que vivem normalmente nesse mundo”. – Capítulo 20.



O que mais me chamou a atenção nessa história é o fato de que Kafka e Nakata não têm absolutamente nada a ver um com o outro. Suas histórias mal se conectam, mas ainda assim eles parecem ser faces diferentes do mesmo aspecto.



Kafka é um garoto prodígio de 15 anos que lê muito, é extremamente corajoso e faz de tudo para fugir de seu destino. Nakata é um idoso deficiente que se encontra numa trama terrível por causa de sua bondade, e tem que seguir por um caminho que não quer para impedir que coisas mais terríveis ainda aconteçam. Enquanto Kafka foge de seu destino por vontade própria, Nakata corre em direção a ele sem ter escolha.



Ler Kafka à Beira Mar é quase como ler sobre o sonho de uma pessoa. Apesar de seguir uma lógica interna, a história não faz sentido. Uma das coisas que meu professor de literatura da faculdade mais falava é que as histórias não precisam ser verdadeiras, apenas verossímeis. Claro que dragões não existem, mas eles fazem sentido no universo de Game of Thrones e, por isso, a história é verossímil. Mas esse livro brinca com o oposto disso. A cada capítulo nossas personagens são introduzidas a situações cada vez mais absurdas, algumas cômicas, outras muito estranhas, a maior parte sem o menor sentido. Não são verossímeis, mas seguem uma lógica. Isso fez a experiência de leitura ser muito única.



O livro também é rico em simbolismos. Enquanto o pai de Kafka é visto como uma figura terrível e quase diabólica, a ideia de sua mãe é revestida de pureza e bondade. Como sua mãe esteve ausente durante toda sua vida, Kafka apenas demonstra elementos da personalidade do pai – apesar de ser controlado, Kafka tem um ideal violento dentro de si e da forma como ele encara o mundo.



Mas, como eu disse, o livro não é perfeito. Acho que o livro é longo demais. O Murakami poderia ter retirado alguns capítulos e o livro não perderia em nada seu sentido. Por exemplo, há diversos capítulos de Kakfa em que ele apenas fala de livros que ele leu, e capítulos de Nakata em que ele narra sua rotina de forma repetitiva. Esses capítulos não acrescentavam muito à história e deixavam a narrativa tediosa. Claro que isso era esporádico, e não afetou demais minha opinião final sobre o livro.



Pior que isso eram as cenas de sexo. Murakami é conhecido por escrever cenas de sexo estranhas e exageradas, mas esse livro extrapolou as barreiras. Compreendo que as cenas eram necessárias – quem diria, cenas de sexo que não são puro fanservice! – mas eu me sentia genuinamente constrangida lendo elas, principalmente em público. Lembro que li uma determinada cena de sexo na fila da lotérica e fiquei tentando esconder meu celular para ninguém espiar o que eu estava lendo.



Enfim, essa resenha está muito maior do que eu imaginava. Espero ter traduzido bem minha opinião sobre a história. Mesmo não sendo um livro perfeito foi uma leitura muito boa, que me levou numa jornada muito prazerosa. Terminei de ler um livro com um desejo de querer ler mais, mesmo o livro sendo tão longo.

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É isso por hoje, galeres! Espero que tenham gostado do post. Já leram algum livro do Murakami? Tem interesse em ler? Deixe sua resposta nos comentários, e até o próximo post!