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domingo, 9 de dezembro de 2018

Então, meu livro está no Wattpad (leia plmdds)



Oooolar pessoinhas, tudo bom com vocês?

Então, eu decidi postar meu livro no Wattpad. É uma história 100% original, que eu escrevo desde 2014 e pretendo finalizar em 2019. Nesse vídeo eu apresento a história, falo um pouco sobre os temas centrais e o que eu queria alcançar escrevendo esta obra.


Eu ficaria muito feliz se vocês dessem uma chance à minha história. Não precisa pagar nada para ler, apenas espero que vocês se divirtam com meu livro =D

Link do livro no Wattpad: https://www.wattpad.com/story/169661976-icarus

É isso por hoje, galeres! Até o próximo post :*

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segunda-feira, 13 de março de 2017

Nath Escritora #04 - O IMPITIMA



Este é um rascunho de uma peça que estou escrevendo. A peça se chama "O IMPITIMA" (em caixa alta mesmo) e conta a história de Andrézão, um homem de origem humilde, cujo sonho sempre foi se tornar presidente da República para poder acabar com a fome no Brasil. Ele se aliou à empresa Agro Brasil, a maior produtora (fictícia) da América Latina de alimentos para que tivesse financiamento em sua campanha. Andrézão vence as eleições, mas descobre que a Agro Brasil não está nem um pouco disposta a ajudar a população de graça e, depois de um mal entendido com o Mafioso Fettuccini, o japonês líder da Agro Brasil, Andrézão terá que fazer de tudo para sofrer um IMPITIMA, ou sua família será assassinada. Andrézão tenta fazer de tudo: proibir o Carnaval, declara guerra com a Argentina e até mesmo finge estar apaixonado pelo presidente dos Estados Unidos, Varack Bobama, mas todas as suas esquisitices são bem recebidas pelo povo brasileiro e o tempo está cada vez mais curto para a família de Andrézão.

Meu objetivo com essa peça é satirizar o cenário político brasileiro atual e fazer um negócio bem engraçado :p
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CENA 1

         Personagens: Andrézão, Vilma, Néscio, William.

         O logo do Debate Eleitoral aparece no telão. William Conner entra e vai até o centro do palco.

         William: Boa noite. Hoje estamos aqui para conhecermos melhor os três principais concorrentes à presidência do Brasil. Nosso país teve um longo histórico no campo da política, desde sua época colonial até a ditadura militar. Nós vivemos, agora, um longo e prazeroso período democrático. No entanto, algumas pessoas ainda insistem em querer trazer a ditadura de volta ao nosso país. Nós transmitimos este debate ao público pois queremos que vocês, brasileiros, entendam a importância da democracia, a importância de escutar a todos os candidatos, não apenas aqueles que são favoritos aos seus cargos. Vamos começar com a candidata Vilma Doulseff.

         Enquanto Vilma entra no palco carregando vários cadernos, uma pequena esquete contando sua história roda no telão (não mais que 30 segundos de vídeo). Todas as esquetes dos candidatos terão imagens ilustrando o que o narrador diz.

         Narrador: Vilma Doulseff nasceu e cresceu em Minas Gerais. Era uma popular militante a favor da democracia no período negro da ditadura militar. Além de estar envolvida com diversos escândalos envolvendo uma companhia petrolífera e algo a ver com bicicletas, ela também tem o penteado mais horroroso da história dos presidentes do Brasil desde Jânio Quadros e ganhou uma pintura feita pelo artista Homero Fritto.

         A esquete termina.

         Vilma: Estou muito feliz por estar presente aqui hoje, William. Gostaria de dizer que fiquei muito feliz com esses últimos quatro anos em que fui presidente e espero ter mais quatro anos para provar ainda mais o meu valor.

         William: Obrigado, Vilma.

         Vilma vai até um dos palanques e coloca seus cadernos sobre ele.

         William: Agora, vamos receber Néscio Aeves.

         Enquanto Néscio entra uma esquete contando sua história começa, mesmo caso da anterior.

         Narrador: Néscio Aeves nasceu e cresceu em Minas Gerais. Ele acredita e apóia a meritocracia, a pesar de nunca ter lavado um prato na vida, sendo sua família rica desde a colonização do Brasil. Tem a cara mais sem graça da história dos candidatos à presidência do Brasil, não respeita os professores e tem uns rolos envolvendo helicópteros e outros veículos aéreos.

         A esquete termina.

         Néscio: Olá William, sei que você trabalhou muito para chegar no seu cargo e espero que eu possa iluminar essa discussão.

         William: Obrigado, Néscio.

         Néscio vai para o seu palanque.

         William: E agora, vamos receber André da Silva dos Santos Augusto Ferreira de Souza Pinto, também conhecido como Andrézão.

         Enquanto Andrézão entra, vestido de terno colorido, uma esquete começa.

         Narrador: Andrézão nasceu no interior do Acre, numa família humilde. Mais novo de sete irmãos, Andrézão desde cedo teve que pegar na enxada para se sustentar. Foi criado pela mãe solteira, e tem uma tatuagem dela em suas costas. Andrézão viu dezenas de pessoas morrerem de fome em sua jornada até São Paulo, quando cruzou 10 estados. Seu maior sonho é acabar com a fome no Brasil, e foi por isso que ele se aliou a Agro Brasil em sua campanha eleitoral. Andrézão é um cidadão íntegro, protetor dos animais, defensor dos fracos e oprimidos e é primo de segundo grau de Wesley Safadão.

         A esquete termina.

         Andrézão: Oi gente, tudo bom? Estou muito feliz de estar aqui hoje. Fora o vídeo da minha campanha eleitoral, é a primeira vez que apareço na televisão, então espero que eu tenha passado perfume o suficiente. Aliás, eu trouxe um presente pra você, William.

         William: É mesmo? O que é?

         Andrézão sai do palco e volta rodando um pneu embrulhado numa fita vermelha.

         Andrézão: Eu sou do Acre, sabe? Lá é muito comum a extração de matéria prima para fabricação de borracha, então eu te trouxe esse pneu que eu mesmo fiz quando tinha oito anos.

         Néscio: ESSE MOLEQUE TRABALHA DESDE OS OITO ANOS, OLHA QUE EXEMPLO DE MERITOCRACIA, É DISSO QUE O BRASIL PRECISA!

         Vilma: Caro candidato Néscio, esse garoto foi vítima de exploração infantil, que é, aliás, uma das pautas da minha campanha e...

         William: Pessoal, o debate ainda não começou. Obrigado pelo presente, Andrézão.

         Andrézão: De nada, meu chapa. Olha, minha mãe é muito fã sua e sempre responde quando você diz o seu “Boa Noite”, será que você pode mandar um alô pra ela?

         William: Eh... Qual é o nome da sua mãe?

         Andrézão: É a Dona Creuza. Olha ali, naquela câmera. Dá tchau pra ela, assim. (Andrézão dá tchau para sua mãe).

         William, muito sem graça: Ahn... Oi dona Creuza, um abraço pra você...

         Andrézão: Te amo, mãe!

         Andrézão tira o terno e mostra a tatuagem do rosto de sua mãe nas costas. Ele vai até seu palanque sem camisa.

         William: Bom... Agora que já apresentamos todos os candidatos, vamos ao debate. A primeira pauta é...


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Bom, confesso que ainda não escrevi muito nessa peça. Vocês tem sugestões para pautas no debate? Por favor, apenas coisas absurdas, tipo a polêmica do Crocs ou Biscoito vs. Bolacha. Enfim, estou aberta a todas as sugestões! Comente =D

Ah, assiste esse vídeo hilário do Marcelo Adnet parodiando as propagandas eleitorais:

terça-feira, 19 de julho de 2016

Nath Escritora #03 - A Arena



         Olar, pessoas maravilhosas! Hoje trago-lhes o terceiro textaum maroto que a Nath escreveu. Espero que gostem!
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      Fui acordada por meu pai quando estava usando meu pijama padrão: calças largas de moletom cinza e blusa preta de academia. Meu pai estava totalmente vestido, usando um terno bege de aparência cara e com os cabelos penteados para trás.

         - Está quase na hora – ele disse, apontando para o seu relógio de pulso de ouro. Faltava meia hora para três da manhã.

         Meu pai me puxou da cama e me levou para fora de casa, sem me deixar trocar de roupa. A cidade lá fora estava movimentada, mesmo sendo o meio da madrugada. Carros passavam como borrões e luzes de todas as cores piscavam por toda a parte. No entanto tudo estava escuro, como que envolto num filtro índigo e violeta.

         Fui empurrada para dentro do carro de meu pai, e então ele dirigiu pela cidade como um louco, fazendo curvas perigosas e falando no telefone celular. Eu não conseguia entender o que ele dizia, pois deveria ser em outra língua.

         Logo mais chegamos ao nosso destino. Meu pai desligou o carro, deixando o interior do veículo completamente imerso em escuridão azulada. Papai bateu no vidro do carro, pedindo que eu também saísse. Obedeci.

         Estava ventando forte lá fora e tudo parecia escuro, exceto a entrada de um edifício grande e cor de osso. A entrada era altiva e lembrava a entrada de uma igreja, exceto que aquela construção podia ser qualquer coisa, menos divina. Havia um símbolo desenhado numa bandeira violeta na entrada. O símbolo era vermelho e com desenhos de espirais entrelaçadas. Era lindo, mas assustador.

         Meu pai me guiou para dentro da construção e lá dentro era diferente de tudo o que eu imaginava. Tudo parecia bege e dourado, e havia vários homens e mulheres mais velhos usando roupas elegantes, como as de meu pai.

         Havia outros jovens como eu: garotos e garotas usando roupas violetas e índigo com o mesmo símbolo vermelho desenhado no peito. Outros adolescentes pareciam tão perdidos quanto eu, usando pijamas e roupas de moletom.

         As pessoas que obviamente já estiveram ali antes estavam comendo petiscos com aparência cara, provavelmente frutos do mar, e bebiam champanhe dourado em taças brilhantes. Um garoto de cabelos loiros usando pijamas confortáveis chegou perto de mim. Ele colocou as mãos em meus ombros com força, me apertando.

         - O que está acontecendo? – me perguntou. Parecia extremamente desesperado.

         De repente uma sirene soou e a sala ficou escura. Todos os adultos e os jovens de uniforme convergiram para uma porta do lado oposto da que eu tinha entrado.

         - Não faço a menor ideia – respondi, me livrando do aperto do garoto e deixando-o sozinho na escuridão.

         Segui a multidão e descobri que, do outro lado da porta, havia algo parecido com um estádio de futebol, mas sem o campo. Arquibancadas extensas existiam dos dois lados, mas os homens e mulheres elegantes só se sentaram perto da porta. Os adolescente formaram um barreira nas grades, se empurrando para ver o que havia lá embaixo. Cheguei mais perto e também vi.

         Do outro lado havia uma porta muito parecida, mas de lá saiam pessoas com roupas sociais escuras. Pareciam roupas caríssimas, mas sem pompa ou frescuras. Homens e mulheres – pais dos adolescentes? – ocuparam mais espaço nas arquibancadas enquanto jovens usando uniformes verdes e azul-turquesa, com um símbolo negro no peito, que lembrava garras pontudas, entravam por todos os lados e se penduravam nas grades.

         A arena lá embaixo era um pedaço de pedra escura cercada por água tão negra que não podia ser pura. Tochas de fogo azulado estavam acesas por toda a parte, e foi então que um adolescente de cabelos castanhos curtos de uniforme verde e azul-turquesa pulou para o meio da arena.

         Na minha visão, um pulo daqueles teria feito-o quebrar pelo menos três costelas e ambas as pernas, mas ele parecia muito bem. Ele levantou os braços e as pessoas do outro lado da arquibancada gritavam, enlouquecidas. Os adolescentes do meu lado começavam a vaiá-lo, e foi então que alguém empurrou o garoto de cabelos loiros de antes para o meio da arquibancada.

         Ele caiu com força, e o barulho de sua queda calou a todos no ambiente. Espantosamente, ele conseguiu ficar de pé alguns segundos depois, desorientado, mas bem.

         O garoto de uniforme turquesa não perdeu tempo esperando seu oponente se recuperar. Ele abriu a mão em frente a seu rosto e um facho de luz dourada surgiu ali. A luz dourada atraiu, de alguma forma, uma quantidade de ar em volta dele, fazendo com que seus cabelos ondulassem e suas vestes subissem, como se tivessem vida própria.

         A luz dourada desapareceu e o garoto loiro começou a flutuar, sem entender o que acontecia a seu redor. Ele foi atirado com força em direção à parede e uma cachoeira de sangue escorreu de seus lábios e nariz. O garoto escorregou lentamente e caiu na água. Ficou lá por dois longos minutos, até que o um número se materializou no centro da arena: 86.

         As pessoas do outro lado da arena gritavam de prazer enquanto seu guerreiro cerrava os punhos e encavara o chão. Parecia sentir dor. Os adolescentes anunciavam um grito de guerra bem ensaiado:

Lutamos ao lado dos homens bons
E nenhum feixe de escuridão pode existir
Onde há luz

         Do meu lado da arena, todos os adolescentes olharam para trás, e eu os imitei. Um homem em um terno preto e de gravada azul observava a arena, de pé, sem acreditar no que via. Depois de uns bons segundos de contemplação, a surpresa fugiu de seu rosto, sendo substituída por uma expressão séria.

         - Desapontamento. Isso é o que ele sempre foi – Disse, e saiu da arquibancada a passos lentos.

         As pessoas do meu lado esqueceram o homem rapidamente quando o lado oposto gritava para que mandassem mais alguém. Foi então que senti uma mão em meu ombro. Olhei para trás.

         Um garoto alto, de cabelos negros espetados num moicano punk e usando mais piercings do que eu podia contar, me encarava. Ele segurou minha mão e colocou algo dentro dela: um amuleto em formato de cristal, de cor roxa e pesado.

         - Me devolva depois – disse, e me empurrou para a arena.

         Caí de costas e fiquei no chão por uns bons 10 segundos. Eu ouvi vaias e gritos de encorajamento, levemente abafados por um chiado em meus ouvidos. Fiquei de pé, sentindo meu corpo doer, mas nada muito sério. O garoto de uniforme turquesa me encarava com um sorriso de vampiro, mas exalava hesitação.

         - Vou fazer algo diferente desta vez – disse, e andou em minha direção.

         Eu estava sem saber o que fazer e fiquei parada, assistindo ele se aproximar a passos sonoros. Quando vi que ele estava chegando muito perto, comecei a recuar, mas não pude mais andar quando meus pés chegaram nos limites da arena e tudo o que restava era água negra e turva. Ao estar frente a frente comigo ele tocou minha garganta com um dedo e eu senti todo o ar fugir de meus pulmões. Desabei sobre ele, segurando suas roupas e olhando-o nos olhos. Ele sorria, mas o sorriso não chegava aos seus olhos.

         Ele tinha poder, mas tinha medo de usá-lo.

         O amuleto ainda estava em minha mão, então tentei me concentrar nele. Senti a pedra ficando quente em minha mão direita, e o garoto recuou no mesmo instante. Vi que havia queimado sua roupa e sua pele onde a pedra tocava.

         Quando percebi que podia respirar novamentem eu pude ouvir a arena explodindo de gritos lá em cima. Não conseguia reconhecer ninguém, em nenhum dos lados.

         Eu estava sozinha.

         - Como fez isso? – O garoto me perguntou, incrédulo.

         Minha voz parecia muito enferrujada, então tudo o que fiz foi estender o amuleto para ele. Ao ver a pedra sua expressão tomou a escuridão à sua volta e ele parecia cheio de ódio. Hesitei, e foi então que o amuleto explodiu em chamas laranjas e amarelas em minha mão. Era quente, mas não me queimava.

         Instintivamente, joguei o amuleto longe. E foi então que uma cortina de fogo brilhante se estendeu à minha frente, queimando tudo o que estava ali.

         O fogo se dispersou alguns segundos depois, e tudo o que restava na arena era eu, com a expressão lívida, um cadáver carbonizado, e um amuleto brilhante entre nós.


         E um número 1 brilhante sobre minha cabeça.


domingo, 20 de março de 2016

Nath Escritora #02 - Restaurante



O Restaurante é um cenário de um sonho que costumava ser recorrente para mim. Já sonhei com este lugar dezenas de vezes, mas nos últimos anos não me lembro de ter sonhado. Quando eu tinha meus 12 anos e estava começando a produzir minhas primeiras ideias para livros, me lembro de ter inspirado um livro, que na época se chamaria "Intenso", que teria esse Restaurante como um lugar mágico. Mais tarde, acabei acoplando essa ideia à minha série principal de livros, "O Anjo de Vidro". Essa história que era "Intenso" ainda não tem um nome novo, mas é legal pensar que surgiu antes e foi adicionada ao universo de uma ideia que eu só fui ter muito tempo depois.
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Tudo o que existia para todos os lados era a grama alta e de um tom tão intenso de verde que era quase azul. Acima, o céu tinha a cor mais impossível de violeta, com duas luas douradas e idênticas suspensas no firmamento. Ambas as luas estavam no seu período crescente, e nenhuma estrela, ou fantasma de estrela, era visível dali.

Levantei-me, mas não sentia meu corpo de verdade. Eu parecia feita de fumaça, de vento, de nada. Por ser vento, voei livremente, sem realmente me importar com cansaço ou possíveis perigos. Tudo o que havia ali era grama e céu, e o mundo parecia tão jovem que ainda respirava, e eu era o ar do qual ele precisava.

Depois de tanto tempo vagando pelo gramado infinito, quando as luas já não estavam mais no céu e o mesmo era avermelhado, pude ver algo. Parecia uma mancha, uma escuridão no meio de todo um universo perfeito. Ao me aproximar percebi que a mancha de escuridão tinha um formato: uma enorme construção de pedra e gesso, vidro e madeira. Tudo aquilo parecia muito antigo, em ruínas, secular. A construção era um enorme restaurante, com um terraço amplo feito de pedra escura. As mesas eram de pedra e saiam direto do chão, e estavam quebradas e empoeiradas. Não havia cadeiras, apenas pedaços de madeira escura, provavelmente queimada, espalhados por todo lado. Teias de aranha cresciam nos lugares mais improváveis, e cacos de vidro colorido cobriam o chão, como se tivessem caído do céu em forma de chuva brilhante.

Após explorar o lugar percebi que havia uma entrada para a construção, que eu não havia reparado antes. Era uma entrada larga, sem porta, apenas coberta com uma manta púrpura. Afastei a manta e entrei no restaurante.

Não havia nada ali, exceto uma escuridão profunda. Tentei encontrar a manta novamente, mas não conseguia tocar nada. O chão era frio e estava molhado, e não havia mais nada por ali. Corri por todos os cantos, mas parecia não haver saída. Era tão escuro que eu não podia ver sequer um palmo à minha frente. Tudo o que eu conseguia captar com meus sentidos era um som pulsante de água corrente.

Foi então que percebi que o chão não estava apenas levemente molhado, mas o nível da água estava subindo. Antes a água estava apenas em meus pés, mas agora chegava em meus calcanhares. E então, eu vi uma luz.

Era uma luz tímida e bege, distante e quase se apagando. Corri até ela. Logo percebi que era uma pequena vela que flutuava na água, e várias outras velas iguais começaram a aparecer, traçando um caminho pela escuridão.

Segui o caminho até uma escadaria, que parecia uma pequena cachoeira de camadas. Desci a escada a passos curtos, com medo de cair, ignorando o fato de que a água ali não parecia seguir as leis da gravidade, e subia os degraus ao invés de descer. Por algum motivo, eu não podia mais voar.

Ao chegar no fim da escadaria eu podia sentir a presença de mais pessoas. Subitamente, as luzes se ascenderam e eu estava flutuando, como se estivesse pendurada no centro de uma sala sem teto ou chão. A escadaria havia sumido, e tudo o que restava eram longas paredes marrons infinitas, como se eu estivesse suspensa no centro de um poço de elevador, só que muito mais largo do que deveria ser.

         Uma figura masculina, sem idade definida e com o corpo completamente azul, surgiu na minha frente.

         Tentei abrir a boca para perguntar algo, mas não consegui. Parecia que meus lábios estavam costurados. Mas não entrei em pânico, pois o rosto do homem à minha frente era tão calmo que eu só conseguia pensar em coisas boas. Ele estendeu a mão para mim e eu a segurei. Era quente e viva, e eu soube que podia confiar nele.

         Ele me guiou em direção à parede leste, onde percebi que havia uma porta, da mesma cor da parede. Ele me olhou com a expressão fechada, como se estivesse me advertindo do que eu veria a seguir. Assenti, e um sorriso maroto surgiu no rosto dele.

         Mas nada poderia ter me preparado para o que viria a seguir. A nova sala era pequena, como um banheiro compacto. As paredes eram de azulejos brancos e lustrosos, e no chão havia uma massa ensanguentada.

         Milhares de pequenos vermes e insetos corriam para todos os lados. Eles eram completamente negros e o sangue que os cobria fazia com que cintilassem em vermelho. Eles se amontoavam como se estivessem numa disputa por algo.

         Olhei para o homem ao meu lado, mas ele continuava com o olhar fixo nos vermes. Deve ter sentido meu olhar sobre ele, pois apontou para os vermes novamente. Olhei.

         Eles disputavam por algo, de fato.

         Alimento.

        Alguém estava ali no chão, morto. Estava de costas e tinha longos cabelos castanhos, com os fios ensopados de sangue. A pele era muito pálida e meio comida pelos vermes, e sangue ensopava cada centímetro do tronco e costas da figura. Parecia uma mulher.

         De repente, o homem de pele azul colocou sua mão esquerda no meu ombro. Não estava mais quente, mas sim fria como gelo. Olhei para ele, e sua pele parecia ter clareado uns 10 tons, pois agora era de um azul pastel gélido e doentio. O homem sorria, com sua boca cheia de dentes, mais do que deveriam, e apontava com veemência pra o corpo.



quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Nath Escritora #01 - Icarus


E eu disse isso pra ele uma vez, mas não tenho certeza se ele me ouviu. Mas vou dizer de novo para você: não entendo como você pode ficar tão preenchido com felicidade e euforia por causa de uma pessoa e no segundo seguinte tudo isso escorrer de dentro de você rapidamente, como se a tristeza tivesse levado tudo embora. Você não consegue parar de chorar, e é por causa da mesma pessoa que te fazia sorrir. João me quebrou e me remendou tantas vezes que é até difícil dizer se ele foi uma boa ou má influência na minha vida.

É estranho lembrar de como os dedos dele cabiam perfeitamente nos espaços entre os meus. É estranho como eu ainda acho uns fios de cabelo dele perdidos nas minhas coisas, mas daí eu me lembro que ele arrancava de propósito e jogava por aí. É estranho lembrar que meus moletons cabiam nele e os dele cabiam em mim, mesmo ele sendo muito mais alto que eu. Eu me lembro de experimentar os óculos dele e ficar sem enxergar nada, e me lembro do jeito como os olhos dele ficavam espremidos quando eu fazia isso. Os sorrisos dele eram mais bonitos quando ele estava sem óculos.

Lembro de todas as vezes que eu quis descolorir o cabelo dele e ele não deixou. Lembro da noite em que ele teve que me arrastar para debaixo do chuveiro para limpar o sangue do meu cabelo e como alguns fios ficaram manchados de vermelho por dias. Lembro que ele nunca me julgou pelo que aconteceu naquela noite. Lembro que ele cuidou de todos os meus machucados, os físicos e os psicológicos. Lembro que ele se importava, pelo menos na maior parte do tempo.

Uma vez ele me disse que queria namorar uma pessoa com quem se sentisse confortável para fazer as coisas mais absurdas do mundo e que ainda quisesse ficar com ele no fim do dia. Eu queria gritar: “eu sou essa pessoa! Vamos ser estranhos juntos!”. Mas acho que ele já sabia disso, só estava me testando. Ele fazia muito disso.

Uma vez ele me disse que queria viajar pelo mundo. Eu conseguia vê-lo fazendo isso. Ele é o tipo de pessoa que olharia para uma montanha e pensaria: “o que será que tem lá?”. E daí ele subiria essa montanha e veria outras montanhas, ou o mar, ou um penhasco, ou uma floresta, e pensaria: “o que será que eu vou encontrar lá?”. E daí ele subiria outras montanhas, mergulharia no mar, se jogaria de um penhasco ou adentraria uma floresta e depois de explorar tudo ele se deitaria no chão, olharia para as estrelas e pensaria: “o que será que tem lá em cima?”.

E eu? Eu seguiria ele para qualquer lugar. Tudo o que ele precisaria fazer é perguntar: “Icarus, você quer vir comigo?”. E eu iria. Para onde ele quisesse.

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Okay, esse foi o primeiro texto 100% original By Nath Lambert na coluna Nath Escritora! Ele pode ou não vir a fazer parte de um livro que eu escrevo, chamado "Icarus", que é um romance. 

Espero que tenham gostado do texto, e espero que estejam curiosos para os próximos que estão por vir *~*

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Nath Escritora #0


Olá, pessoal! Tudo bão?

Este não é bem um post, é só uma explicação para a criação da nova coluna do blog que, como vocês podem ver, se chama Nath Escritora.

Nath sou eu (oiii) e Escritora é a profissão que eu almejo para meu futuro (além de professora e astronauta).  

Por que eu criei essa coluna?
Bom, eu quero ser escritora. Esse é meu sonho desde o mês em que eu li A Bússola de Ouro e A Cidade das Feras, quando eu tinhas meus 7~8 anos (eu tenho 18 e o sonho persiste, acredito que temos uma vocação aqui). Eu tenho muitas ideias para sagas inteiras de livros, para livros de volume único e histórias em quadrinhos (estou desenvolvendo uma, só falta eu começar a de fato desenhar. Sim, eu também desenho, não tão bem como eu escrevo, se é que escrevo bem).

Essa coluna basicamente seria meu depósito de textos aleatórios - que eu também escrevo, muitos - sobre divagações, trechos dos meus livros, ideias malucas, sonhos, etc. Vocês vão poder conhecer um pouco sobre minhas histórias e, quem sabe, se interessem e acabem lendo elas um dia?

Mas e o Matutando? A coluna não era justamente para isso?
Sim e não. O Matutanto surgiu quando eu queria escrever besteiras aleatórias - o que é o objetivo parcial da coluna Nath Escritora), mas eu acabei evoluindo muito com a coluna. O primeiro post, feito em março de 2013, falava sobre cadeiras giratórias. Eu estava relendo ele antes de fazer essa postagem e estou surpresa com meu nível de falta de noção e coisas para fazer daquela época. O post é hilário. Enfim, a coluna foi evoluindo para temas mais sérios, como uma pesquisa de campo para descobrir se os correios estão ou não nos roubando, aborto e identidade de gênero.

Qual a diferença entre o Matutando e o Nath Escritora?
Basicamente, no Matutando vou falar sobre algum assunto mais sério (como o aborto), ou pelo menos algo do mundo real que mereça reflexão (tipo quando falei sobre cortes de cabelo). O Nath Escritora vai ser um depósito de textos aleatórios, trechos de diário, o que quer que seja que não envolva questões reais, ou pelo menos não com uma escrita realista. 

Basicamente:

Matutando: coluna de opinião.

Nath Escritora: divagações aleatórias.

Enfim, espero que gostem da nova coluna e dos meus textos. Até breve *música de suspense*