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sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Matutanto #20 - Sobre rever conceitos


Eu nunca fui hater de nada, mas eu sempre tive o pensamento de que, se eu não gostei de algo na primeira vez, provavelmente não vou gostar na segunda e é melhor esquecer essa dita coisa para sempre.

Recentemente eu aprendi a dar segundas chances às coisas, mas poderia ter aprendido isso muito antes.

Quando eu tinha meus 12-13 anos, uma das minhas amigas fazia teatro e me convidou para participar das aulas com ela. Era num espaço especial que abriam para a gente debaixo da biblioteca municipal, tínhamos atividades, figurinos, essas coisas. Infelizmente, no ano em que eu fiz, muita coisa deu errado e não conseguimos fazer nenhuma peça. Depois de ir a algumas reuniões eu fiquei frustrada, pois nada dava certo, a peça que tentamos fazer era legal, mas não fluia, e acabei largando mão.

Um tempo depois, com 15 anos, fiz teatro de novo. Foi legal, com um professor diferente e melhor, mas não fizemos apresentação nenhuma, ficamos apenas nas atividades de articulação de voz e corpo, e isso também me frustrou um pouco.

Eis que, quando eu tinha 17 anos, minha professora de matemática (que não tinha nada a ver com teatro), Sanda Diva Forster, pediu que eu escrevesse um sobre Albert Einstein. Ela sempre soube que eu gostava de escrever e decidiu me dar essa oportunidade: escrever uma peça para ser vista por toda a escola, alunos e pais, no teatro da cidade. Demorei para para escrever, mas a peça ficou bem legal. O problema é que ficou muito grande, cheia de personagens, e foi difícil fazer com que desse certo. O elenco tinha 20 pessoas, duas horas de peça, e ensaiávamos todos os dias por duas horas depois da escola.

Não foi fácil, muitas pessoas desistiram, tive que assumir um papel (eu era apenas diretora a princípio), mas tudo deu certo, a apresentação foi demais, e eu até hoje sinto vontade de fazer teatro de novo.


O dia da apresentação foi um dos melhores dias da minha vida.
Eu era o fantasma de Albert Einstein.
Isso também aconteceu com livros. Houveram vários livros que eu odiei na primeira leitura, mas amei na segunda, como Clube da Luta, Marina, O Iluminado e Sherlock Holmes. Mas quero falar aqui de As Crônicas de Gelo e Fogo.

Ganhei o primeiro livro da minha tia quando tinha 14 anos. Lembro que comecei a leitura super empolgada, li umas 150 páginas até decidir que o livro não era para mim. Pensei comigo mesma que não gostava de alta fantasia e jamais leria o dito cujo.

Quando eu tinha meus 15 anos, meu irmão estava comprando um jogo na Submarino. Eu estava do lado dele e vi que os cinco livros de As Crônicas de Gelo e Fogo estavam 60 reais, um preço ótimo pra edição normal, com orelhas, tamanho grande e páginas de papel pólen. Disse pra ele que estava num preço bom, ele por algum motivo achou que eu queria comprar (????) e comprou, sem me avisar. Só fiquei sabendo no dia em que os livros chegaram. Acabei pagando os 60 reais, fiquei com um livro repetido, e simplesmente não me esforcei para ler.

Eis que, ano passado, eu com meus 18 anos, decidi de uma vez por todas ler A Guerra dos Tronos. Li e achei demais, prossegui lendo os livros seguintes e fui me apaixonando pela história a cada página. Eu lia vários livros ao mesmo tempo que eles, e demorei mais de um ano para ler os cinco, mas eu adorei a leitura, amei os cinco livros, assisti o seriado e amei também, e por fim decidi que faria meu TCC baseado nos livros. Ah, as segundas chances...

Até fiz um texto, toda emocionada, quando terminei de ler os cinco livros.
Já dei segundas chances para muitas coisas, desde bandas e seriados até comidas e pessoas. O ponto desse post é que coisas das quais não gostamos a princípio podem se tornar muito importantes para nós no futuro.

Fazer a peça do Einstein foi a melhor coisa da minha vida. Meu sonho é ser escritora, e escrever a peça me deu experiência, ensaiar foi incrível e apresentar foi a melhor coisa que me aconteceu. Ver pessoas rindo e se divertindo com algo que eu produzi foi impagável. Jamais esquecerei esse dia.

Ler As Crônicas de Gelo e Fogo foi, além de divertido e triste e muito louco, minha inspiração para o início da minha vida acadêmica. Realmente espero poder ler logo Os Ventos de Inverno.

Só queria deixar essa reflexão aqui :3

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Os Volturi não dão segundas chances, os Volturi são cuzões.

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Matutando #19 - A internet é um lugar maravilhoso

"Pssst, como eu ligo esse negócio?"
Eu odeio quando alguém fala mal da internet. Odeio ver aquelas tirinhas pretensiosas com crianças segurando livros e se perguntando como se liga um livro. Caros adultos e idosos chatos: não é por que vocês não sabem usar um computador que a gente não sabe usar um livro. Nós já estamos escrevendo alguns deles, na verdade. Livros de ficção até artigos científicos. Tem adolescentes escrevendo autobiografias e eles tem muito o que falar nelas.

O negócio é que eu tenho raiva de quem fala mal da internet. Uma pessoa que fala que a internet é um antro de más influências claramente não faz ideia de como usar a internet e de como ela é a maior benção que existe nas nossas vidas. Hoje em dia a gente usa a internet para tudo, mas esse nem é o ponto que eu quero tocar, por que todo mundo já sabe disso.

Meu nome é Júpiter e eu sou filho da Nathalia. Eu vivo no ano de 2038, tenho dezesseis anos e eu tenho que escrever um trabalho sobre a situação política brasileira no Brasil no segundo mandato da presidenta Dilma Rouseff. Por causa da internet, eu posso ir até o perfil do Facebook da minha mãe naquela época e ver o que ela postava sobre o assunto. Ela era contra ou pró impeachment? Ela sabia do que se tratava a crise? O que ela pensava sobre outros assuntos, como corrupção, os escândalos envolvendo políticos, o que ela achava dos movimentos sociais? Graças à internet, eu vou poder ver todas essas coisas, e ver também a opinião de pessoas que comentavam nos textos da minha mãe.

Um dia, quando eu tiver meus próprios filhos, eu vou entrar no perfil da minha mãe no Instagram e mostrar todo o feed dela. Meus filhos vão ver a avó deles com cabelos azuis, tirando fotos de literalmente todos os livros e quadrinhos que ela leu durante todo o tempo de vida. Meus filhos vão ver títulos dos quais nunca ouviram falar ("papai, o que é esse A Culpa é das Estrelas?") e vão ver livros que serão clássicos no tempo de adolescência deles ("não aguento mais ver minha professora de literatura falando de Harry Potter!").

Vou ler o blog da minha mãe de cabo a rabo e rir de todas as resenhas malucas que ela fazia. Vou assistir ao vlog dela e achar incrível como minha mãe falava rápido demais e como o cabelo dela era absurdamente armado. Vou ver no fundo do vídeo todos os livros que eu li enquanto crescia, inclusive aquele que eu destruí por que derrubei refrigerante (acho que era uma edição de colecionador de Percy Jackson). Meus bisnetos vão entrar no meu blog e ver meu post falando sobre os melhores posts no blog da minha mãe, tataravó deles. Eles vão entrar no Instagram dela e não vão acreditar numa pessoa que assistiu Capitão América: Guerra Civil NO CINEMA, na mesma época em que anunciaram que o Cap era da HYDRA e AINDA era o Steve Rogers. Meus bisnetos vão pensar: "ainda bem que deram reboot nesse arco, #teamROMANOFF, #GerraCivil28".

A filha mais velha do meu neto mais novo vai entrar no canal da minha mãe e vai ver o vídeo do casamento dela e vai decidir encomendar um vestido inspirado no dela. Ela vai entrar no Instagram da minha mãe e vai ver várias fotos dela com o meu pai e vai se perguntar se a tataravó iria odiá-la por ser lésbica e trans. Mais tarde, descobriria que não, que minha mãe sempre apoiou os LGBT+. Por que ela viu no Facebook.

Um adolescente qualquer, num belo dia do ano 2171, vai entrar no blog da minha mãe e encontrar um link para todos os livros que ela escreveu, para download gratuito. Ele vai ler tudo e vai achar aquilo maravilhoso. Ele vai divulgar pros amigos e amigas dele e os livros farão um sucesso absurdo. Minha mãe vai ser um novo Douglas Adams, mas só por alguns anos. Até ela ressurgir em 2465, quando os livros dela serão MUITO cults.

No futuro, meus netos vão se divertir assistindo vídeos de youtubers antigos. Vão chorar de rir dos vídeos antigos do Buzzfeed, com gente dinamarquesa comendo comida japonesa e achando horrível. Todo mundo vai comer comida japonesa no futuro, que absurdo eles terem tanta frescura com isso.

Meu filho mais velho vai se formar aos 65 anos em história (igual meu pai!) (38 anos como professor de Educação Física foi o suficiente) e fazer um TCC sobre o discurso de ódio no Brasil no começo do século XXI. Vai ver vídeos de políticos falando que os filhos jamais se casariam com uma mulher negra por que foram "criados direito", que "ser gay se resolve na porrada" e, é claro, o lendário vídeo falando bem de um torturador da Ditadura Militar. Meu filho não poderá entrevistar minha mãe, mas vai poder ler todos os textos dela publicados no Facebook sobre o assunto. Vai ver textos de outras pessoas comuns e de políticos da época. Meu filho vai tirar um 10 no TCC, e mesmo eu estando tão velho eu ainda irei lá assistir a banca dele. Meu filho é um cara incrível, sério.

Eu sou Nathalia. Eu estou no ano de 2016, e eu uso a internet para tudo. É a melhor coisa que já me aconteceu. Um dia, quando eu já tiver morrido há muito tempo, alguém vai ver esse texto. Essa pessoa pode discordar de absolutamente tudo o que eu falar. Essa pessoa pode achar que eu sou a Mãe Diná (quem diria que todos os meus descendentes fizeram todas essas coisas mesmo??? Illuminati: confirmado). Essa pessoa pode concordar comigo. O que importa é que a internet é eterna, essa página vai existir por um longo tempo e, com ela, eu também vou. O passado ficará para sempre marcado por aqui e o presente vai se moldar a cada segundo, em direção ao futuro. A internet é um lugar maravilhoso, uma TARDIS revolucionária, o melhor livro de história, o melhor canal de televisão, a mais recheada prateleira da biblioteca, a melhor estação de rádio. A internet é um lugar maravilhoso, e só uma pessoa muito fria para não ser capaz de reconhecer isso.

Bem vindos à internet. Por favor, sigam-me.

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Matutando #18 - Eu odiei meu ensino médio



Olá, galeres? Tudo bão?

Então, como eu dizia (no título do post), EU ODIEI MUITO MESMO MEU ENSINO MÉDIO. Atualmente eu estou para começar o quarto semestre da faculdade de Letras, ou seja, no segundo ano. Terminei meu ensino médio no fim de 2014 e literalmente a única coisa que eu fiz de bom naquele ano foi uma peça de teatro (e essa peça também foi provavelmente a melhor coisa que fiz na vida? Vai entender). Mas no geral o ano de 2014 foi péssimo, assim como 2013 e 2012. E aqui irei lhes expor os motivos:

01) Professor(a) de português que passou o último ano todo sem dar aula por causa de um projeto idiota, o que me prejudicou (agora que estou fazendo letras e não sei bulhufas de gramática) (ou sobre qualquer outra coisa);

02) Professor(a) de inglês que não sabe falar inglês e gostava de expressar suas frustrações de vida em momentos de fúria desproporcionais à situação;

03) Professor(a) de sociologia que não sabia nada de sociologia e até hoje não sabe o que é meritocracia e acha que Estado é com letra minúscula;

04) Estado idiota que tira aulas de português e matemática para colocar aulas de ESPANHOL;

05) Estado idiota que passa trabalho valendo nota UMA SEMANA antes do ENEM;

06) Professores(as) sem semancol que passam trabalhos valendo nota UMA SEMANA antes do ENEM;

07) Professor(a) de história que, durante o ensino médio todo, só passou trabalhos sobre ditadura militar e Era Vargas (provavelmente foi somente isso que aconteceu em toda a história do Brasil) (e do mundo);

08) Excursões para faculdades locais que atrasam e fazem todo mundo se atrasar para o SENAI e o trabalho;

09) Professor(a) de educação física que obrigava os alunos com zero talento/coordenação motora a praticar esportes e serem humilhados pelos que manjavam dos paranauês;

10) Professor(a) de educação física que pausa AS AULAS por uma semana para os alunos jogarem no interclasses (sem contar a final, que deu insolação em todo mundo por ser ao ar livre num dos dias mais quentes do ano);

11) Professor(a) de português que passa trabalhos para apresentar, adia o trabalho por quase dois meses por motivos... bom, sem motivos, e depois não pode adiar mais um dia para os alunos assistirem um livestream importante para o ENEM;

12) Estado impondo o PIP;

13) Estado impondo o PIP para os alunos que não estão no PIP;

14) Professores(as) colocando a nota do PIP como nota do bimestre;

15) Professor(a) de química que tira nota de conceito dos alunos só para eles não terem nota máxima no bimestre, por que ninguém pode ser melhor que ele(a);

16) Professor(a) de física que corrige as provas dos alunos de formas diferentes e dá notas diferentes para alunos que acertaram ou erraram a mesma coisa;

17) Por causa dos muitos feriados nas sextas-feiras de 2014, mal tivemos aulas de espanhol;

18) Professor(a) de geografia que NUNCA corrige os trabalhos extremamente extensos que passa (uma vez eu escrevi que os soldados americanos adoravam miojo CINCO VEZES no mesmo trabalho e ele(a) NUNCA percebeu);

19) Professor(a) de filosofia ensinando sobre Isaac Nilton (sim);

20) Professor(a) de espanhol que passa um trabalho gigante e nunca chega a realmente recolher esse trabalho;

21) Escola que muda o horário de entrada de um dia para o outro, deixa vários alunos desavisados para fora da escola e ainda acha que está certa;

22) Escola que não deixa os alunos sem uniforme ou com calças jeans mais claras entrarem na escola e manda todos de volta para casa, mesmo aqueles que moram no sítio (que não conseguem voltar para a casa e trocar de roupa) que ficam vagando pela cidade até a hora do ônibus (isso aconteceu mais de uma vez e deu muita treta);

23) Escola que não deixa os alunos tomarem refrigerante.

Enfim, esses foram os motivos pelos quais odiei o ensino médio que consegui lembrar depois de dois anos do término dele. São todos motivos bobos, não é um post sério. Eu sei que clima não é culpa dos professores, sei que o Estado tomar decisões de merda não é culpa dos professores e sei que estresse não é culpa dos professores. Além dos motivos bobos, claro, também houveram amizades péssimas, bullying, depressão, mas isso é assunto para outro momento.

Na verdade vou me poupar de fazer outro post sobre assunto e mencionar que eu ficava acordada até três, quatro horas da manhã sem motivo todos os dias, assistindo seriados e jogando vídeo-game, e daí chegava na escola e sempre dormia em pelo menos uma aula. Isso durante os três anos do ensino médio Quando eu não estava dormindo em aula eu estava ou lendo (eu sempre lia umas 100, 150 páginas por dia naquela época) ou desenhando. Eu só gostava da aula de matemática, de vez em quando da aula de química, geografia e de biologia, então quase nunca prestava atenção. Nunca tirei notas ruins, pelo contrário, era muito boa na escola, mas por que eu estudava sozinha. Se eu não estudasse sozinha, não teria passado de ano nunca. Mesmo se prestasse atenção nas aulas.

Não sou idiota e sei que grande parte disso é culpa do Estado, que exige demais dos professores, que estão cansados, desmotivados e tudo o mais. Eu estou estudando para ser professora de português e sei que ser professora não vai ser fácil, mas esse post será um lembrete da Nath do passado para a professora Nathalia do futuro nunca cometer os mesmo erros que seus antigos professores cometeram e que a fizeram odiar a escola com todas as forças. Eu sei que não será tarefa simples, mas eu quero, na verdade eu ME COMPROMETO a ser uma boa professora e nunca desmotivar meus alunos.

E então, galeres, me contem como foi o ensino médio de vocês! Tivera uma experiência legal ou foi tipo eu, que odiei a escola com todas as forças?

Só para finalizar, e pra vocês saberem que eu não estou exagerando, no último dia de aula, uma sexta-feira, eu virei a noite acordada (a noite toda! Não dormi nem meia hora) lendo e vendo seriados, cheguei na escola acabada, fiz uma prova de qualquer jeito - e tirei uma nota boa ainda por cima -, fingi que estava passando mal - e por causa das olheiras e da cara pálida de sono eles acreditaram - e fui para casa mais cedo dormir o resto do dia. Sim, eu nem fiquei o dia todo na escola no último dia de aula. Eu ODIAVA aquele lugar. Fico feliz que o ensino médio tenha acabado.


A escola faz com que eu me sinta uma fracassada.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Matutanto #17 - Eu me envolvo demais com as coisas



Grau de envolvimento, nível Nathalia (eu):

Você tem amizade com uma pessoa no Facebook que não conhece de verdade. Você curte as coisas da pessoa, a pessoa curte as suas, okay.

Você até vê essa pessoa na rua às vezes, mas não cumprimenta por motivos de ter medo da pessoa não saber quem você é e você passar vergonha. Você acha essa pessoa espetacular e maravilhosa e linda e é secretamente uma fã dela, mesmo que não tenha motivos para ser fã dela. Enfim, essa pessoa é uma pessoa normal, é a mesma coisa de você ser fã do cara que entrega pizza na sua casa (tem que ser fã dele sim, entregador de pizza é herói nacional).

Anyway.

A pessoa tem namorado. Você via fotos deles juntos, vídeos, postagens, e pensava "OMG QUE CASAL FOFO ADORO ELES". Eventualmente, você acabou adicionando o namorado dessa pessoa no Facebook por motivos que você mesma desconhece.

Um dia, você vê o namorado dessa pessoa atualizando status de relacionamento, e esse status diz que ele namora outra pessoa. Você fica confusa. Você investiga o Facebook dos dois, e parece que eles terminaram o namoro. Você investiga mais. Não encontra as fotos deles juntos. Você não ligava muito pro cara, só para a pessoa, então, num ímpeto de fúria, você desfaz a amizade com o cara pois COMO ELE FOI CAPAZ DE TERMINAR O NAMORO COM AQUELA PESSOA INCRÍVEL? E também, COMO FOI CAPAZ, MESMO QUE NÃO TENHA SIDO ELE A TERMINAR O NAMORO, DE COMEÇAR OUTRO NAMORO TÃO RÁPIDO E ESQUECER AQUELA PESSOA INCRÍVEL?

Daí você fica uns cinco minutos refletindo sobre o que acabou de acontecer e o que te levou a agir assim e chega a conclusão de que você simplesmente tem dificuldades de ser normal.

Mas você continua indignada.
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Desculpa não sei o que foi isso mas precisava compartilhar me perdoem bejo amo vocês <3

quinta-feira, 24 de março de 2016

Matutando #16 - Minha dificuldade para assistir filmes


Olá, galerinha! Tudo bom com vocês?

Hoje estou aqui / para lhe falar / mas com palavras / não sei dizer / como é grande / minha dificuldade / de ver filmeeeeeeeeeeeee.

A verdade é que eu sou péssima em ir direto ao ponto, então vou contar uma (ou talvez mais de uma) histórinha para vocês:

Era uma vez uma Nath assistindo Netflix. Ela estava muito feliz, assistindo How I Met Your Mother, quando ela viu que por acaso os 3 (três) filmes que compõe a trilogia O Poderoso Chefão estão disponíveis no famigerado Netflix.

Como talvez você saiba, assistir a trilogia O Poderoso Chefão está na minha lista de 16 metas para 2016. Coloquei os três filmes na minha lista e comecei a assistir o primeiro. Rola o casamento, algumas coisas acontecem, passou um tempo e eu estava cansada de assistir. Não entediada, mas vamos explorar isso mais para a frente. Eu fui ver quanto tempo já tinha assistido: 42 minutos. Mais ou menos a duração de um episódio de um seriado, mas vamos explorar isso mais para a frente. Eis que eu fui ver quanto tempo o filme tinha e eu descobri que o filme tem TRÊS FUCKING HORAS. Como se não bastasse, não só o primeiro, mas o segundo e o terceiro filme TAMBÉM TEM TRÊS FUCKING HORAS CADA! São nove horas! 

Estou decepcionado com você, Nathalia.
Existe uma lista enorme de todos os filmes que eu comecei e não terminei. Assisti, talvez, meia hora de um, dez minutos de outro, mais da metade daquele. Mas é muito difícil para mim terminar de assistir um filme. Existem duas situações em que eu de fato consigo assisti a um filme inteiro:

01) Eu estou no cinema e não vou desperdiçar meu dinheiro só por que tô com preguiça e;

02) Estou assistindo o filme com mais alguém e essa pessoa não é como eu e não vai querer parar o filme na metade.

Mas por que isso acontece? Qual o mistério por trás desse fenômeno? A verdade é: eu não consigo me comprometer a prestar atenção em nada por muito tempo.

NHOM NHOM NHOM
Mas é aí que as coisas ficam interessantes. Eu acompanho muitos seriados, muitos MESMO, e todo dia eu assisto pelo menos um episódio, Seriados normais tem cerca de 40 minutos por episódio, e sitcons tem cerca de 20 minutos.

Toda vez que eu vou ver um filme, sempre desanimo na metade, um pouco antes ou um pouco depois. Não importa o quão espetacular o filme seja. Isso pode ser facilmente explicado pelo fato de que o meu cérebro está programado para assistir 40 minutos e depois parar de prestar atenção. Hoje mesmo eu estava assistindo Thor - The Dark World e parei em 41 minutos por que tava cansada.

Esse é um dos motivos que me faz ter medo de não completar a meta desse ano. Eu coloquei MUITOS filmes na meta, mas como lidar se eu não consigo assistir eles?

Você assistiu quatro anos de televisão em cinco dias,
e isso nunca deveria acontecer.
Agora é que o mistério se torna ainda mais misterioso *música de mistério*:

Como é possível que eu tenha preguiça de assistir um filme inteiro, que geralmente tem cerca de 2 horas, mas já consegui:

01) Assistir uma temporada inteira de Friends em um dia;

02) Pelo menos 9 episódios de Supernatural e Castle em um dia (dias separados, mas);

03) Assistir Jessica Jones inteiro em 3 dias;

04) Muitos outros momentos envolvendo eu assistindo tantos episódios que meus olhos praticamente se desgrudaram do meu rosto?

Eu tenho vida. Juro.
Enfim, eu não tenho noção de comprometimento para assistir 2 horas de filme, mas consigo assistir 10 episódios de um seriado em um dia sem problemas. Isso é, de fato, falta de vergonha na cara. Admito. Culpada. Mas o que posso fazer? Faz mais sentido para mim demorar um semana para ver um filme, assistindo 20 minutos por dia, do que ver tudo de uma vez. Tenho probleminhas? Claro. Mas a vida é assim. 

E vocês, pessoal? Tem dificuldade em assistir filmes? Ou, talvez, dificuldade em assistir seriados? Cada um é diferente, compartilhe sua experiência! Agora, excuse me por que tem episódio novo de Supernatural para assistir ¯\_(ツ)_/¯

Nath is out!

sábado, 9 de janeiro de 2016

Matutando #15 - Sobre tradições literárias


Olá, galerinha linda, marota e cheirosa. Tudo bom com vocês?

Bom, eu tenho uma tradição meio besta que começou por coincidência. No começo de 2012 meus pais - como sempre - tinham ido até Aparecida do Norte e eu fiquei em casa com meus irmãos. Como eu não tinha nada para fazer, peguei um livro para ler, casualmente, e assim foi. Em 2013, num ano novo em que fomos para a casa da minha avó, eu levei outro livro comigo e fiquei lendo-o durante a virada de 2012 para 2013 (não literalmente, não sou viciada desse jeito em leitura. Esperei uns dez minutos depois dos fogos e tals). E então, no meio de 2013 eu reparei que ambos os primeiros livros que eu tinha lido nos anos de 2012 e 2013 eram livros nacionais, então eu decidi criar uma tradição: todo ano, o primeiro livro a ser lido tem que ser um livro nacional. Tenho mantido essa tradição por cinco (5) anos e não pretendo quebrá-la. Hoje queria compartilhar com vocês os livros que estrearam minhas listas de leitura dos últimos anos =D



Em 2012 eu li Binno OXZ e o Clã de Prata. O livro, além de ter um trabalho gráfico EXCELENTE (tem outras ilustrações internas que não fotografei, além da diagramação ser linda), tem uma das histórias mais divertidas, diversificadas e inteligentes que eu já li. Até hoje espeto a continuação sair, mas não sei se o autor desistiu da série...

Este foi o primeiro livro da tradição, mesmo quando ainda não era tradição, e significa muito para mim <3


O segundo livro da tradição foi O Preço de Uma Lição. O livro é de leitura fácil, mesmo não sendo uma leitura profunda, e me lembro de ter lido o livro em uns dois dias, mesmo ele sendo bem grosso. A história é divertida, tem um quê de real e, no geral, o livro é bem legal. Li ele no começo de 2013 e estava pensando em ler de novo. Diz a lenda que vai ter continuação - por ser meio que uma história real - mas talvez a nova história ainda esteja acontecendo. Quem sabe?


Em 2014, quando a tradição já era oficialmente tradição, li Fios de Prata. Nunca tinha lido nada do autor, que escreve fantasia, e me surpreendi positivamente com o livro (que eu ganhei num amigo secreto). A história é bem legal e se mistura um pouco com o Sandman do Neil Gaiman (e também a história original, mas a do Gaiman é melhor) e mitologia grega. A história é muito interessante e, cá entre nós, eu adoro essa capa!


Esse foi o primeiro livro de 2015 e foi um presente de uma pessoa muito especial. Acredito que todos tenham, pelo menos, ouvido falar de Capitães da Areia. Sinceramente, sempre fui chata para ler livros clássicos mas ESTE LIVRO É INCRÍVEL! A história é tão crua e real que se você ignorar a data e o contexto histórico, poderia pensar que a história se passa no presente. O livro é incrível, visionário e muito brutal. Eu amei a leitura.


E agora, em 2016, o primeiro livro foi A Ilha dos Dissidentes. Eu esperava mais do livro, mas a leitura foi bem legal. Eu não gostei muito do início do livro, era meio sem sentido, tudo aconteceu rápido demais. Mas da metade para o final o livro ficou MUITO BOM, eletrizante, e várias coisas que eu antes achava serem furos no roteiro se revelaram mistérios e agora estou ansiosa pelos próximos livros! Em breve irei postar uma resenha =D



Enfim, esses foram os cinco livros da tradição até o momento. Espero conseguir manter a tradição pelo resto da minha vida, e também espero que o mercado editorial brasileiro cresça muito e acolha excelentes autores e histórias (inclusive a minha, por favor, juro que meu livro é legal).

Por hoje é isso, pessoas! Até a próxima e boas leituras ;)

Vamos ler para esquecer os problemas.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Matutando #13 - Sobre incensos mágicos e gênero



Queridos amigos, hoje venho com uma dúvida extremamente pertinente e gostaria que vocês me ajudassem a encontrar uma resposta cabível pra ela.

Aqui na loja está disponível para venda (R$1,50 para os interessados) um incenso interessantíssimo inspirado no Kama Sutra. 

A pesar do fato de terem absolutamente a mesma composição química e, consequentemente, o mesmo aroma, um deles é Masculino™ e o outro é Feminino™. Ignorando o fato de que não faz sentido nenhum pautar gênero num incenso que supostamente tem alguma habilidade afrodisíaca, gostaria de sanar algumas dúvidas (me ajudem por favor):

01) Se eu sou uma Mulher™ e quero seduzir um Homem™, eu acendo o incenso "Sensualidade e Prazer - Mulher" ou o "Conquista e Prazer - Homem"?;

02) Se eu acender o incenso Feminino™ este irá me ajudar, sendo eu uma Mulher™, a seduzir um Homem™, ou ele iria me tornar mais sensual para dito Homem™?;

02) Será então que eu devo acender o incenso Masculino™ para que ele faça com que eu, Mulher™, conquiste um Homem™?;

03) Mas e se eu não estiver compreendendo bem as regras do incenso e acontecer alguma tragédia? E se eu me transformar magicamente em um Homem™ extremamente conquistador ou seduzir todas as Mulheres™ que aparecerem pela minha frente?;

04) E se eu acender OS DOIS ao mesmo tempo e eles anularem o efeito um do outro (neste cenário eu desperdicei R$3,00, trágico) ou eu virar um Homem™ E AO MESMO TEMPO começar a conquistar todas as Mulheres™?;

05) E pessoas de outras orientações sexuais ou de gênero? Como elas ficam? E se uma lésbica acender o incenso para Mulheres™ mas seduzir homens sem querer, e vice-versa com um homem gay? E uma pessoa genderfluid? Acende os dois? E se eles se anularem e ela perder R$3,00? E uma pessoa bissexual? E uma pessoa trans?

Empresas de incenso, vocês tem que fornecer instruções mais claras para o uso de seus produtos se pretendem realmente enfiar gênero num pedaço cheiroso de carvão. Obrigada.

[UPDATE 03/12/2015]: Hoje uma Mulher comprou um incenso "sensualidade e prazer - mulher". A pesar de ela obviamente se identificar como mulher, não posso dizer se ela era lésbica/bi/pansexual. O mistério segue.

[UPDATE 08/12/2015]: Hoje um Homem comprou um incenso "sensualidade e prazer - mulher". Não sei mais em que acreditar.


[UPDATE 08/12/2015]: Hoje um Homem comprou um incenso "conquista e prazer - homem". Será que ele quer aumentar seus poderes de conquista masculinos ou será que ele quer conquistar homens?


[UPDATE 14/12/2015]: Nos últimos dias, vendi vários incensos "sensualidade e prazer - mulher" para Mulheres e Homens, o que me intriga muito. Seriam todas as Mulheres lésbicas? Ou estariam elas tentando aumentar seu grau de sensualidade? Nesse caso, para que, afinal, os Homens compraram esse incenso? Só sei que o incenso "conquista e prazer - homem" vende bem menos.

[UPDATE 16/12/2015]: E PELA SEGUNDA VEZ NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE UM HOMEM COMPROU UM INCENSO "CONQUISTA E PRAZER - HOMEM".

[UPDATE 27/12/2015]: EU NÃO SEI MAIS O QUE ESTÁ ACONTECENDO.

[UPDATE 18/01/2016]: Um casal composto por um Homem e uma Mulher comprou um incenso "conquista e prazer - homem" e um incenso "sensualidade e prazer - mulher". Talvez eles saibam de algo que não sabemos.

domingo, 15 de novembro de 2015

Matutando #12 - Sobre aborto e tals


[TW: Estupro, violência, pobreza, suicídio, depressão, abandono, morte]

Olá, pessoas lindas, tudo bom?

Talvez vocês tenham reparado que mudei o logo dessa coluna. Bom, fiz isso por motivos de que eu quis mesmo, tava enjoada do antigo e gosto de hashtags. 

Ultimamente, o feminismo está em alta nas redes sociais. Desde que o tema da redação do ENEM desse ano foi a persistência da violência contra a mulher no Brasil, parece que uma luzinha se acendeu na cabeça de quem até então ignorava essa questão. Muita gente diferente tem muitas coisas a dizer sobre o feminismo e suas pautas.

Eu sou feminista. Sou contra a misandria e contra as TERFS (as feministas que acham que mulheres trans não são mulheres de verdade e que homens trans devem ser "recuperados"). Eu sou a favor do feminismo que engloba todas as mulheres: de todas as cores, ricas ou pobres, gordas ou magras, portadoras de deficiência física/mental, trans ou cis,  de qualquer religião, sem religião, heterossexuais, homossexuais ou de qualquer outra sexualidade. Sou a favor de todas as mulheres. 

Mas, sinceramente, não vim aqui falar sobre feminismo (por enquanto, pretendo mais para a frente). Hoje eu quero recapitular uma conversa que tive com a minha mãe há pouco mais de um ano sobre aborto.

Não lembro o dia exato que tive essa conversa, mas com certeza faz mais de um ano. Eu estava com meus pais, jantando, estávamos conversando sobre algo que sinceramente não lembro o que era e de repente o assunto aborto veio à tona. Não costumo - aliás, evito - discutir questões sociais e políticas com meus pais, pois além de eles nunca ouvirem o que eu tenho a dizer já assumem que estou errada e sou muito extremista. Okay. Enfim, nesse dia eu decidi falar que era a favor do aborto em qualquer caso e minha mãe não gostou nada disso.

Então, eu disse:

- Eu tenho 17 anos, trabalho, estudo, faço curso técnico, tenho muitas coisas para fazer, tenho meus sonhos, ainda pretendo entrar na faculdade, ser professora, escrever meus livros. Você acha justo que, se eu engravidasse semana que vem, eu fosse obrigada a desistir de todos os meus sonhos e ambições para cuidar de um bebê que eu não planejei, sendo muito jovem, sem formação acadêmica e trabalhando com vocês?

Tudo isso no meu contexto do ano passado. Bem louco como o discurso seria diferente agora. Minha mãe respondeu:

- Sim! Por que a criança não teria culpa por você não ter se prevenido na hora de ter relações sexuais.

Isso me chocou. Muito. Ter minha mãe falando na minha cara que eu deveria deixar minha vida de lado para cuidar de uma criança. Hoje eu tenho argumentos para falar em como minha mãe estava errada em dizer algo assim.

Hoje, tenho 18 anos. Trabalho com meus pais, cinco horas por dia, faço faculdade de Letras em outra cidade, vou para lá de ônibus. Tenho muitos trabalhos para fazer (aliás, devia estar fazendo um plano de aula enquanto escrevo esse post. Detalhes) e muitas provas para estudar. Ainda tento escrever meus livros. Tenho esse blog que mantenho muito mal, pois quase nunca consigo realmente escrever aqui. 

E se eu engravidasse semana que vem?

Eu não conseguiria conciliar isso tudo que está dois parágrafos acima com um filho. Não conseguiria trabalhar com meus pais, pois não teria ninguém para cuidar do meu filho durante essas horas. Até conseguiria fazer faculdade, mas meus pais teriam que cuidar do meu filho durante a noite, o que eu não acho justo. Imagine eu, grávida, andando meia hora para ir e outra meia hora para voltar de outra cidade de ônibus, todos os dias. Imagine eu, que sou extremamente privilegiada perto de outras mulheres que poderiam passar pela mesma situação, tendo que desistir da minha faculdade para poder cuidar do meu filho. Imagine eu, com 18 anos, tendo que cuidar de uma criança, sendo que eu ainda me considero uma.

Eu sempre parto do seguinte princípio: se eu, ou qualquer menina mais jovem que eu (como há casos de garotas que engravidam com 13, 14 anos) fossemos a um orfanato e disséssemos que queríamos adotar uma criança, um bebê, será que nós poderíamos? Será que o responsável por esse orfanato deixaria uma criança de 13 ou 18 anos adotar outra criança? Não? Então por que obrigar uma criança de 13 ou 18 anos a ter um filho completamente não planejado, não importa se foi por estupro ou descuido? Por que obrigar uma criança a ser responsável por outra criança?

Agora imagine que estamos falando de uma mulher de, sei lá, 30 anos, casada, com emprego fixo, excelente salário e disponibilidade de tempo, mas que não quer ter filhos. Se ela engravidasse, por um descuido, seria justo existir uma LEI que LEGISLA dentro do CORPO DELA e que diz que ela vai ser OBRIGADA a ter essa criança que ela NÃO QUER por que ALGUÉM que não tem NADA a ver com isso acha que aborto é assassinato?

Eu acho que não é justo.

Agora imagine que estamos falando de uma mulher de 30 anos, solteira, pobre, desempregada, nenhuma formação, vive de pequenos bicos e de dinheiro que consegue de programas sociais. Ela não quer ter filhos. Essa mulher engravida, por descuido. O pai não vai assumir a criança. Essa mulher vive de aluguel, numa favela, não tem dinheiro para cuidados básicos que esse bebê iria precisar - roupas, fraldas, remédios, alimentos, brinquedos, etc - e não conseguiria arranjar nenhum emprego tendo um filho tão pequeno para cuidar e não há ninguém que possa ajudá-la. É justo existir uma LEI que LEGISLA dentro do CORPO DELA e que diz que ela vai ser OBRIGADA a ter essa criança que ela NÃO QUER por que ALGUÉM que não tem NADA a ver com isso acha que aborto é assassinato?

Eu poderia citar mil diferentes casos de diferentes mulheres que não querem/não teriam condições de cuidar de uma criança e em como em todos esse mil casos o aborto seria uma possibilidade válida e que alguém negando isso é um absurdo. A questão é que muita gente é a favor do aborto em casos de estupro e de má formação do bebê ou risco de vida imediato para a mãe (coisas que deve-se levar em contar), mas ainda acham um absurdo que uma mulher queira abortar pelo fato de o bebê não ter sido planejado, por ter sido concebido num momento de descuido. Afinal, qual a dificuldade de se prevenir, tomar anticoncepcional, usar preservativos?

O aborto é o único caso de saúde pública (sim) que é julgado pela forma em que a mulher entrou nessa situação (engravidou). Você não vai obrigar uma pessoa que quebrou o braço caindo da escada a ficar com o braço quebrado para sempre só por que ela poderia ter segurado no corrimão. Você não vai negar transfusão de sangue para uma pessoa que cortou os pulsos e foi socorrida pela família só por que essa pessoa podia ter escolhido não tentar o suicídio. Você não vai deixar de operar uma pessoa que teve metástase no câncer avançado só por que ela poderia ter feito o exame anos mais cedo e descoberto o tumor antes que ele se espalhasse. Você não vai deixar uma pessoa que fumou a vida inteira e precisa de um pulmão novo morrer só por que ela poderia ter escolhido não fumar.

Por que você vai obrigar uma mulher a ter um filho que ela não quer ou não pode ter, coisa que vai mudar completamente sua vida, só por que ela infelizmente engravidou por um descuido?


Acho que já falei demais... Vou finalizar o texto com uma pequena reflexão interna. Independente de questões financeiras e afins, ter um filho abala extremamente a vida de uma pessoa, seja homem ou mulher. Eu não teria condições de ter um filho agora, nesse momento, nesse instante. Eu, com todos os meus problemas psicológicos, acho que seria um erro expor uma criança a uma mãe com tendências suicidas, constantes ataques do pânico, crises longas de depressão e ansiedade. Acho que seria extremamente prejudicial para uma criança ser criada num ambiente em que a mãe teve que desistir de sua vida para poder cuidar dela. Não gostaria de saber que eu fui, desde meu concebimento, um enorme contratempo na vida da minha mãe. 

Acho que seria um erro obrigar uma criança a nascer numa família extremamente pobre que, mesmo com a melhor das intenções, não será capaz de prover alimentos, saúde e educação para essa criança. É um erro obrigar uma criança a nascer num ambiente hostil, num ambiente em que ela não será feliz ou saudável. E não me venha falar em colocar a criança num orfanato se você nunca visitou um.

Não estou dizendo que um bebê não planejado não possa ser bem recebido, e não acho errado que uma mulher deixe seu emprego ou faculdade ou qualquer outra coisa para poder cuidar de uma criança. Isso é extremamente nobre. Com esse texto, quero deixar claro que a mulher deve escolher se quer ou não ter o filho que está carregando, independente desse bebê ser fruto de estupro ou não, independente de ela ter ou não condições financeiras, físicas ou psicológicas para ter um filho. 

Sou a favor da escolha. Sou a favor da mulher decidir qual o seu destino. Uma lei criada por uma pessoa que não vive sua vida não pode decidir isso por você.

Um deputado não pode te proibir de tomar a pílula do dia seguinte. Um deputado não pode te impedir de ter um aborto legal e seguro. Um deputado não pode decidir o que você faz ou deixa de fazer na sua vida baseado nas crenças pessoais dele.

Você devia ter liberdade de escolha. Eu devia ter liberdade de escolha.

Por que não temos?

Leituras complementares (reportagens, artigos científicos, números, dados, pesquisas e depoimentos):

































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