sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Matutanto #20 - Sobre rever conceitos


Eu nunca fui hater de nada, mas eu sempre tive o pensamento de que, se eu não gostei de algo na primeira vez, provavelmente não vou gostar na segunda e é melhor esquecer essa dita coisa para sempre.

Recentemente eu aprendi a dar segundas chances às coisas, mas poderia ter aprendido isso muito antes.

Quando eu tinha meus 12-13 anos, uma das minhas amigas fazia teatro e me convidou para participar das aulas com ela. Era num espaço especial que abriam para a gente debaixo da biblioteca municipal, tínhamos atividades, figurinos, essas coisas. Infelizmente, no ano em que eu fiz, muita coisa deu errado e não conseguimos fazer nenhuma peça. Depois de ir a algumas reuniões eu fiquei frustrada, pois nada dava certo, a peça que tentamos fazer era legal, mas não fluia, e acabei largando mão.

Um tempo depois, com 15 anos, fiz teatro de novo. Foi legal, com um professor diferente e melhor, mas não fizemos apresentação nenhuma, ficamos apenas nas atividades de articulação de voz e corpo, e isso também me frustrou um pouco.

Eis que, quando eu tinha 17 anos, minha professora de matemática (que não tinha nada a ver com teatro), Sanda Diva Forster, pediu que eu escrevesse um sobre Albert Einstein. Ela sempre soube que eu gostava de escrever e decidiu me dar essa oportunidade: escrever uma peça para ser vista por toda a escola, alunos e pais, no teatro da cidade. Demorei para para escrever, mas a peça ficou bem legal. O problema é que ficou muito grande, cheia de personagens, e foi difícil fazer com que desse certo. O elenco tinha 20 pessoas, duas horas de peça, e ensaiávamos todos os dias por duas horas depois da escola.

Não foi fácil, muitas pessoas desistiram, tive que assumir um papel (eu era apenas diretora a princípio), mas tudo deu certo, a apresentação foi demais, e eu até hoje sinto vontade de fazer teatro de novo.


O dia da apresentação foi um dos melhores dias da minha vida.
Eu era o fantasma de Albert Einstein.
Isso também aconteceu com livros. Houveram vários livros que eu odiei na primeira leitura, mas amei na segunda, como Clube da Luta, Marina, O Iluminado e Sherlock Holmes. Mas quero falar aqui de As Crônicas de Gelo e Fogo.

Ganhei o primeiro livro da minha tia quando tinha 14 anos. Lembro que comecei a leitura super empolgada, li umas 150 páginas até decidir que o livro não era para mim. Pensei comigo mesma que não gostava de alta fantasia e jamais leria o dito cujo.

Quando eu tinha meus 15 anos, meu irmão estava comprando um jogo na Submarino. Eu estava do lado dele e vi que os cinco livros de As Crônicas de Gelo e Fogo estavam 60 reais, um preço ótimo pra edição normal, com orelhas, tamanho grande e páginas de papel pólen. Disse pra ele que estava num preço bom, ele por algum motivo achou que eu queria comprar (????) e comprou, sem me avisar. Só fiquei sabendo no dia em que os livros chegaram. Acabei pagando os 60 reais, fiquei com um livro repetido, e simplesmente não me esforcei para ler.

Eis que, ano passado, eu com meus 18 anos, decidi de uma vez por todas ler A Guerra dos Tronos. Li e achei demais, prossegui lendo os livros seguintes e fui me apaixonando pela história a cada página. Eu lia vários livros ao mesmo tempo que eles, e demorei mais de um ano para ler os cinco, mas eu adorei a leitura, amei os cinco livros, assisti o seriado e amei também, e por fim decidi que faria meu TCC baseado nos livros. Ah, as segundas chances...

Até fiz um texto, toda emocionada, quando terminei de ler os cinco livros.
Já dei segundas chances para muitas coisas, desde bandas e seriados até comidas e pessoas. O ponto desse post é que coisas das quais não gostamos a princípio podem se tornar muito importantes para nós no futuro.

Fazer a peça do Einstein foi a melhor coisa da minha vida. Meu sonho é ser escritora, e escrever a peça me deu experiência, ensaiar foi incrível e apresentar foi a melhor coisa que me aconteceu. Ver pessoas rindo e se divertindo com algo que eu produzi foi impagável. Jamais esquecerei esse dia.

Ler As Crônicas de Gelo e Fogo foi, além de divertido e triste e muito louco, minha inspiração para o início da minha vida acadêmica. Realmente espero poder ler logo Os Ventos de Inverno.

Só queria deixar essa reflexão aqui :3

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Os Volturi não dão segundas chances, os Volturi são cuzões.

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