sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Uma História Meio que Engraçada, de Ned Vizzini

Uma História Meio Que EngraçadaAutor: Ned Vizzini
Título Original: It's kind of a funny story
Editora: Leya
É bom?: ★★★
Páginas: 296

Sinopse: O que aconteceria se você descobrisse que a maior idealização da sua vida não era aquilo que você esperava? O adolescente Graig Gilner vai perceber que, até mesmo ao atingir um objetivo, nem sempre as coisas saem da forma como deveriam. Mas aprenderá também que, mesmo nas adversidades, é possível fazer novos amigos, se apaixonar e encontrar motivos para viver. Como muitos adolescentes determinados a vencer na vida, Craig Gilner acredita que asua entrada na Executive Pre-Professional High School de Manhattan é o passaporte para o seu futuro. Obstinado a ter uma vida de sucesso, Craig estuda dia e noite para gabaritar no exame de admissão, e consegue. A partir daí, o que deveria ser o dia mais importante da sua vida, acaba marcando o início de um sufocante pesadelo.


A primeira vez que tive contato com esta história não foi diretamente com o livro, mas sim com o filme Se Enlouquecer, Não Se Apaixone (péssima tradução, eu entendo). Lembro que assisti o filme pela primeira vez quando estava muito deprimida, há pelo menos dois anos, e tenho assistido novamente de vez em quanto. Não sei ao certo quantas vezes já assisti ao filme, mas sei que, desde a primeira vez, sou louca para colocar as mãos no livro.

Assim que eu soube que (FINALMENTE) a Leya traria o livro Uma História Meio que Engraçada para o Brasil, com um nome decente e bem traduzido (sério, quem foi que pensou que “Se Enlouquecer, Não Se Apaixone” seria um bom nome?), eu simplesmente PRECISAVA comprar. Assim que o livro chegou em casa, comecei a ler e...

MELHOR FILME DE TODOS, também quero sorvete
...tomei um susto. Percebi que a história do livro é MUITO diferente da história do filme. Eu tive medo de não gostar tanto do livro exatamente por ser tão apaixonada pelo filme.
Bom, o livro conta a história de Craig Gilner, um adolescente que deu tudo de si durante um ano estudando, com o objetivo de conseguir ir bem numa prova para receber uma bolsa para a melhor escola de ensino médio de Nova York. A questão é que estudar igual a um condenado exige muito de você, principalmente quando você tem uns amigos não tão legais, é apaixonado pela namorada do seu melhor amigo e, só para não perder o costume, tem depressão. Esse é Craig. Welcome to his life.

No começo do livro, conhecemos o lado engraçado, porém auto-depreciativo, do Craig. Ele é um adolescente normal, só que com depressão – tanto que eu me identifiquei absurdamente com ele, e me vi na pele dele em praticamente todos os momentos do livro. Ter depressão na adolescência não é fácil, e sabendo que o próprio autor lutou contra a depressão durante praticamente toda a vida só torna o livro mais valioso.

"Eu gosto do fato de que você não esconde seus problemas, como todo mundo faz. E eu sinto que não preciso esconder os meus problemas quando estou com você".
Craig, um dia, percebe que sua saúde mental realmente caiu pelo ralo e nunca mais poderá ser recuperada, e é então que ele tem a genial ideia de cometer suicídio. Mas ele é bem medroso – vide: eu – e acaba ligando para uma linha de emergência especializada em ajudar pessoas que estão pensando em suicídio. Ele é convencido a ir ao hospital mais próximo, onde ele se interna como paciente psiquiátrico sem nem consultar os pais, e vive uma semana muito louca, mas cheia de aprendizado, na ala psiquiátrica do hospital, interagindo com outros pacientes com outros problemas, fazendo amigos e redescobrindo talentos.

A pesar de falar de um assunto muito sério – depressão, ansiedade, transtornos mentais, etc. – o livro não glamouriza essas condições. É muito comum você encontrar por aí artistas *cof* Lana Del Rey *cof* que tentam glamourizar a tristeza, a depressão, e outros até tentam glamourizar o suicídio, a auto-mutilação e a anorexia *cof* indústria da moda *cof*. Nenhuma dessas coisas é nada bonita, e eu digo isso por que vivo com depressão e ansiedade há anos, ainda tomo remédios para controlar isso e já passei por momentos em que me auto-mutilei. Não me orgulho dessas coisas, e fico extremamente feliz que o Ned colocou essas condições no seu livro como condições que merecem atenção e tratamento, não coisas bonitas, melancólicas, góticas suave, whatever.

Mapas cerebrais <3
Além disso, o livro é muito divertido. Craig é um personagem extremamente inteligente, sarcástico, paranóico e tem uma imaginação MUITO fértil. Ele cria cenários em sua cabeça que são muito reais para quem sofre de ansiedade e fica pensando em mil e uma formas que uma situação pode dar errado. Gostei da AUTENTICIDADE que o livro tem. Acredito que o Ned soube colocar a alma e a experiência dele no Craig.

Não vou falar muito mais, pois corro o sério risco de soltar um spoiler, só queria dizer que esse livro não entrou para a minha lista de favoritos à toa. O livro é muito especial. Você não vai se arrepender nem por um segundo de ler – se não for para se encontrar na história, pelo menos vai conhecer um pouco a cabeça de uma pessoa com depressão. Só Deus sabe como a gente precisa de mais tolerância.

"Eu sinto como se eu estivesse a ponto de explodir. Todo o estresse a pressão e a ansiedade estão borbulhando, mas nunca consigo extravasar esses sentimentos. Eu simplesmente guardo eles para mim."

Para finalizar, vou deixar vocês com essa pequena cena do filme, que é linda e me faz cantar loucamente toda vez que assisto <3

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