Olá, pessoal! Turu pom?
Hoje trago para vocês a PROMETIDÍSSIMA análise do livro 1984! Eu li este livro pela primeira vez quando tinha 15 anos, e decidi relê-lo em março desse ano, quando a quarentena começou. Demorei dois meses para conseguir juntar todos os pensamentos que eu queria sobre este livro, mas acho que a espera valeu a pena. A análise ficou bastante completa, e creio que falei tudo que eu gostaria de expressar.
Ah, eu estou usando um novo editor de vídeo! Dá para ver a diferença na edição deste vídeo para os antigos do canal? Me contem o que acharam!
Se cuidem, usem máscara e babam muito líquido.
Um beijo e um queijo, e até o próximo post! =D
Eu quando leio qualquer notícia
sobre o Biroliro e cia.
Daqui para baixo deixei a versão escrita da análise, para quem quiser ler!
Muito
se fala sobre a forma como histórias começam. É interessante pensar que 1984
começa com o personagem principal, Winston Smith, comprando ilegalmente um
caderno. Talvez dizer que esta foi uma ação ilegal seja exagero, uma vez que,
no mundo da Oceania, não existem mais leis.
Bom,
talvez eu esteja me adiantando um pouco. Se devemos começar as histórias pelo
seu início, talvez eu devesse falar que esta não foi a primeira vez em que li
1984. Quando eu era uma adolescente de 15 anos, lembro-me de ter visto este
livro na biblioteca da escola. Era a mesma edição, com a mesma capa, mas não
era este livro que tenho em mãos. Fiquei curiosa, já havia ouvido falar do
livro, e acabei lendo. Eu sei que a Nathália de 15 anos gostou do livro, por
isso acabei comprando uma cópia para mim, mais tarde, mas, ao reler este livro
com 23 anos, acredito que o meu eu do passado não compreendeu tão bem como este
livro não era apenas uma ficção, mas uma crítica ao passado stalinista e uma
profecia do que o mundo moderno viveria.
A
Nathália de 15 anos não sabia nada sobre história política, e a Nathália de 23
anos com certeza poderia saber mais sobre a política atual, mas acredito que
reler este livro no presente fez com que eu percebesse algo terrível: nós já
estamos vivendo em 1984.
PARTE
UM: GUERRA É PAZ
“Ao
futuro ou ao passado, a um tempo em que o pensamento seja livre, em que os
homens sejam diferentes uns dos outros, em que não vivam sós – a um tempo em
que a verdade exista e em que o que for feito não possa ser desfeito”.
A
história de 1984 começa quando Winston compra um caderno. Ele compra o caderno
para poder escrever um pouco sobre sua vida, quase como se fosse um diário. Ele
quer poder tirar seus pensamentos e lembranças de dentro de sua mente, o que é
algo extremamente criminoso em sua realidade – ainda que, como já dito, não
existam leis.
Winston
tem um trabalho um tanto quando peculiar. Ele trabalha no Ministério da
Verdade, e sua ocupação é revisar jornais, revistas e anúncios antigos, a fim
de fazer com que as informações do passado sempre condiziam com o presente. Por
exemplo: se o governo prometeu em fevereiro que daria um quilo de sal para cada
família, mas em junho só foi capaz de fornecer meio quilo, Winston precisa
alterar todos os documentos do passado que diziam que o governo forneceria um
quilo.
“Quem
controla o passado controla o futuro; quem controla o presente controla o
passado. [...] O passado, pensou Winston, não havia sido simplesmente alterado;
na verdade, fora destruído”.
Seu
trabalho, em linhas simples, é alterar os registros do passado. Claro que
alterar a quantidade de sal a ser recebida parece algo mínimo, mas seu trabalho
pode alcançar proporções enormes, como forjar provas de que seu país sempre
esteve em guerra com quem até ontem era seu aliado, ou mesmo apagar todos os
rastros de existência de alguém que tenha cometido traição.
Imagine
a seguinte imagem: você está em frente à televisão. Seu país, a Oceania, está
em guerra com a Lestásia desde antes de você nascer. No entanto, hoje a televisão
anuncia que tudo não passa de um equívoco, e que seu país é aliado da Lestásia.
A guerra é contra a Eurásia. Você pega um jornal de dois meses atrás, e jura
que um dia ele disse que a guerra era contra a Lestásia, mas hoje ele diz que a
guerra é contra a Eurásia. A guerra sempre foi contra a Eurásia, mesmo que até
ontem isso não fosse verdade.
Você
conseguiria ignorar esse fato? Você sabe que aquilo aconteceu, mesmo que o
contrário esteja sendo anunciado bem aqui, por meios supostamente oficiais, registrado
em materiais supostamente confiáveis.
Você
conseguiria ignorar esse fato?
Esta
técnica, dentro do livro, é chamada de duplipensamento. O que é isto?
Antes
de tudo, precisamos compreender algo chamado novafala. Sim, tudo junto! A
novafala era o idioma oficial da Oceania, e seu objetivo era criar um tipo de
idioma que modificasse a forma como pensamos, para que os pensamentos das
pessoas da Oceania fossem adequados ao Socing – o socialismo inglês.
Já
deu para entender que, comumente, a novafala junta duas palavras e cria um novo
termo. Duplipensamento, novafala, socing... São apenas alguns exemplos.
No
início do livro, porém, a novafala ainda não é 100% difundida. Apenas os
acadêmicos e pessoas que trabalham ativamente com a mídia são fluentes nesse
idioma.
“Você
não vê que a verdadeira finalidade da novafala é estreitar o âmbito do
pensamento? No fim, teremos tornado o pensamento-crime literalmente impossível,
já que não haverá palavras para expressá-lo”.
De
forma simplificada, o grande objetivo final da novafala era o de inviabilizar
todo tipo ou forma de pensamento complexo e/ou crítico. Uma vez que a novafala
fosse adotada por todos os cidadãos da Oceania, ninguém mais seria capaz de ter
pensamentos “hereges”, pensamentos contrários ao governo, ou mesmo meros
pensamentos críticos ou dúvidas. A novafala iria, de forma última, eliminar
totalmente a liberdade de pensamento e expressão. Você não pode questionar nada
se a sua gramática, a lógica da sua mente, funciona de forma a apenas
reproduzir e aceitar o que é pré-estabelecido. Desta forma, controlando tudo o
que pode ser dito e pensado de forma tão opressora, é impossível questionar ou
buscar a verdade ou a realidade de qualquer coisa. A realidade existe tão
somente na mente humana e, se a mente humana pode ser moldada a pensar de
determinada maneira, a realidade dela será subjetiva. A realidade será...
alternativa.
Vamos
voltar um pouco. Estávamos falando de como uma pessoa pode aceitar como verdade
um fato que vai 100% contra tudo que ela conhecia como verdade até aquele
momento. Como meu país pode estar em guerra com um país que sempre foi nosso
aliado? E não só em guerra agora, mas desde sempre?
É
nessa hora que entra o duplipensamento, que é a capacidade de abrigar
simultaneamente em sua mente duas crenças inteiramente contraditórias, e
acreditar em ambas conforme for conveniente.
Existe
um exemplo simples para este fenômeno. Imagina que você trabalha em uma empresa
alimentícia. O slogan da sua empresa é: “Fazemos o melhor doce de leite do
Brasil”. Como alguém que trabalha nesta empresa, você concorda e apoia este
slogan, aceitando o fato como verdade. Seu gosto pessoal não é importante,
apenas o posicionamento da empresa que, consequentemente, também será o seu,
uma vez que você é um mero empregado. Porém, um tempo depois, a empresa rival
acaba te oferecendo um salário melhor, e você vai trabalhar para eles. O slogan
desta vez é: “O melhor doce de leite desde 1912”. Seu gosto pessoal ou seus
conhecimentos prévios, novamente, não importam. O que importa é que você deve
acatar ao posicionamento da nova empresa. Subjetivamente falando, ambos os
slogans estão corretos, ainda que sejam contraditórios.
O
problema é que o duplipensamento não existe apenas nas páginas fictícias de
1984, mas está cada vez mais presente na realidade. Ele não se chama
duplipensamento no mundo real, mas aparece com outros nomes. Pode ser conhecido
como pós-verdade, pode acontecer através de fake news e, claro, é comumente
disseminado como história e/ou fatos alternativos.
Você
seria capaz de acreditar que a Oceania sempre esteve em guerra com a Eurásia?
Seria capaz de esquecer que, até ontem, a guerra era contra a Lestásia?
Você
seria capaz de passar a acreditar que a terra é plana, mesmo com centenas de
anos de estudo comprovando o contrário? Você seria capaz de afirmar que o
nazismo alemão foi um movimento de esquerda, mesmo quando a embaixada alemã
afirma que o movimento era de direita? Você seria capaz de negar a efetividade
das vacinas, ou de sugerir que elas causam autismo, ainda que centena de
estudos que provam o contrário existem?
Talvez
você seja capaz. Talvez você se pergunte como é possível que pessoas acreditem
nessas coisas. Talvez você se pergunte como um presidente, em meio à pior
pandemia dos últimos tempos, pode escalar uma pilha não tão figurativa de
pessoas mortas e dizer que tudo não basta de uma gripezinha?
A
questão do duplipensamento é que uma pessoa não está simplesmente dizendo o
oposto daquilo que pensa, mas pensando o oposto do que é verdadeiro, do que é
real, do que é fato. Talvez a questão do bolsonarismo não seja apenas
desonestidade intelectual, mas uma real lavagem cerebral em massa.
PARTE
DOIS: LIBERDADE É ESCRAVIDÃO
“Ainda
nos encontraremos no lugar onde não há escuridão”.
Como
toda obra de ficção, 1984 não se apega apenas às críticas que o autor pretendia
fazer, mas revela os preconceitos e falhas do próprio.
Um
dos autores de posfácio dessa edição, Bem Pimlott, diz que o livro de Orwell é
uma “narrativa indecorosa que leva à fantasia adolescente”, e eu não poderia
concordar mais. Porém, talvez não da forma como o autor pontua.
Depois
que conhecemos um pouco sobre o mundo em que Winston Smith vive e aprendemos
sobre o trabalho dele de fabricar dados e alterar os registros do passado,
descobrimos que ele tem um enorme desejo por revolução, apesar de acreditar que
ela seja impossível. E uma de suas ideias de rebeldia está em cometer pequenas
transgressões, como, por exemplo, comprar e manter um caderno clandestino.
Depois
de alguns capítulos, Winston conhece Julia, uma mulher bem mais jovem que ele.
Ela tem 26 anos, é linda e, aparentemente, acredita na revolução e tem um
apetite sexual enorme. É tudo o que Winston sempre sonhou, e eles acabam se
envolvendo, ainda que isto seja extremamente proibido, sendo o sexo e o amor
ambas coisas extremamente desencorajadas pelo governo da Oceania. Cegados pelo
amor, Winston e Julia acabam tentando entrar na Confraria, uma organização
secreta que ninguém sequer sabe se existe, mas que supostamente foi criada para
reagir ao Grande Irmão, o líder da Oceania.
O
primeiro problema do livro é o machismo do autor, que ficou muito presente na
relação entre Winston e Julia. Winston é um homem de 40 e poucos anos que se
descreve como feio, desdentado, sem qualidades físicas ou mesmo intelectuais.
Sua desconfiança do governo se baseia em uma lembrança turva que ele tem de um
passado que pode ou não ser real, e sua maior transgressão antes de conhecer
Julia é comprar um caderno e um peso de papel brilhante.
Ao
conhecer Julia, Winston conhece a mulher perfeitamente romantizada que deveria
ter ficado presa nos poemas árcades. Julia é jovem – bem mais jovem do que ele
–, é belíssima, tem um apetite sexual voraz, odeia o amor e, é claro, parece
ser intelectualmente superior. O típico “diferente das outras garotas”, mas
oferecido por um escritor masculino.
Logo
após conhecer Julia, Winston e ela vivem momentos calorosos de paixão sexual, e
ele usa seu corpo de forma indiscriminada. As cenas não são descritas, pois
este não é um livro erótico, mas o status do romance entre os protagonistas fica
claro desde o início: Julia e Winston não são amantes destinados, mas parceiros
sexuais enlouquecidos pela imposição do celibato.
“A
relação sexual devia ser encarada como uma operaçãozinha ligeiramente
repulsiva, uma espécie de lavagem intestinal. [...] Havia, inclusive,
organizações que defendiam o celibato absoluto para ambos os sexos. A intenção
do Partido não era simplesmente impedir que homens e mulheres desenvolvessem
laços de lealdade que eventualmente pudessem escapar do seu controle. O
objetivo verdadeiro e não declarado ela eliminar qualquer prazer do ato
sexual”.
Depois
de um tempo, no entanto, Winston acaba criando sentimentos por Julia, e decide
dividir com ela alguns fatos que ele acha relevantes. Ele conta a Julia sobre
sua infância, sobre a possibilidade de sua irmã e mãe terem morrido por conta
de um erro seu. Além disse, Winston divide o maior segredo da sua vida: ele
acredita ter possuído, por um breve momento, uma prova cabal que destruiria o
autoritarismo do Grande Irmão, levando a Oceania à revolução. Mais do que isso,
ainda, Winston parece estar animado por poder finalmente se juntar à Confraria,
e fazer parte ativamente da mudança.
Julia,
no entanto, não parece interessada no passado de Winston, não ligando para o
destino terrível de sua família. Ela também não vê importância na prova que
Winston obteve brevemente, demonstrando que, apesar de odiar o Grande Irmão,
ela ainda vive na ilusão criada por ele. Principalmente, Winston acaba julgando
Julia como uma rebelde sem causa, por ela não levar a Confraria tão a sério.
Me
senti incomodada ao ler alguns trechos entre Winston e Julia, pois senti que o
machismo do autor ficou muito presente nesses trechos. Tive a impressão de que
Julia só servia para Winston enquanto amante sexual idealizada, como um pedaço
de carne, de fato, e que ela perdeu seu valor ao se revelar uma pessoa real,
com seus pensamentos, crenças e críticas. Pior: ele a considerava inferior por
fazer justamente a mesma coisa que ele vinha fazendo o tempo todo – arranjando
um jeito de sobreviver e manter a sanidade em meio a esse mundo louco.
PARTE
TRÊS: IGNORÂNCIA É FORÇA
“A
heresia das heresias era o bom senso. E o aterrorizante não era o fato de
poderem matá-lo por pensar de outra maneira, mas o fato de poderem ter razão.
[...] Liberdade é a liberdade de dizer que dois mais dois são quatro. Se isso
for admitido, tudo o mais é decorrência”.
O
grande momento do livro vem depois de sua metade. Já conhecemos Winston e seu
trabalho no Ministério da Verdade. Sabemos que as notícias e os fatos são
manipulados pelo Grande Irmão. Sabemos que Winston acredita na Confraria, uma
sociedade secreta que luta contra o Grande Irmão. E, por fim, sabemos que ele e
Julia conseguem entrar para esta organização.
Porém,
qual é o grande crime de Winston? Ele, por acaso, faz algo ativamente contra o
governo? Ele para de alterar o passado, criando assim um rastro de provas
contra o Grande Irmão? Ele faz uma revolução agressiva e armada contra aqueles
que trabalham no alto escalão. Ele incita as massas contra o Grande Irmão?
Não.
Winston não faz nada disso. Seu grande crime é o crimepensar, uma palavra em
novafala que designa qualquer tipo de pensamento contrário aos ideais do Grande
Irmão.
É
claro que é difícil prender e torturar uma pessoa por seus pensamentos. Afinal,
nossos pensamentos existem apenas dentro de nossas mentes. No entanto, desde o
início do livro, Winston deixa um rastro de crimepensares: ele compra um
caderno, no qual escreve sobre seu ódio contra o Grande Irmão. Ele se
apaixonada por uma mulher e faz sexo com ela, algo extremamente desencorajado
pelo governo. Pior: ele compartilha informações confidenciais com ela em voz
alta.
Eventualmente,
e isso não deve ser surpresa para ninguém, Winston é pego pela Polícia das
Ideias, aqueles responsáveis por encontrar e punir os criminosos do pensamento.
Quando Winston e Julia são presos, ele promete:
“Eles
podem fazê-la dizer qualquer coisa, mas não podem fazê-la acreditar nisso.
Confissão não é traição, pois o que você diz não importa: o importante são os
sentimentos. Mas se eles conseguirem me obrigar a deixar de amar você... Isso,
sim, seria traição”.
Preso
pela Polícia das Ideias, Winston não será julgado, não será interrogado. O
objetivo do Ministério do Amor, como é chamado o ministério responsável por
lidar com os criminosos do pensamento, é expugnar todo tipo de pensamento ou
ideal contrário ao que é recomendado pelo Grande Irmão.
“Podiam
arrancar de você até o último detalhe de tudo o que você já tivesse feito, dito
ou pensado; mas aquilo que estava no fundo de seu coração, misterioso até para
você, isso permaneceria inexpugnável”.
No
final do livro, Winston é devidamente torturado. Apenas confessar seus crimes,
porém, não é o suficiente. Não basta dizer que ele manteve relações sexuais com
Julia, mas ele precisa aprender a odiar ela e seu corpo, tudo que sua
feminilidade representa. Não basta dizer que ele obteve uma prova contra o
Grande Irmão, mas ele precisa convencer a si mesmo que tudo não passou de um
mal entendido. Não basta dizer que ele desconfiou de que a Oceania esteve em
guerra com outro país e era aliada de outro, mas ele precisa acreditar que
estava errado e que o Grande Irmão estava certo.
Como
disse no início dessa resenha, muito se fala sobre como as histórias começam.
No entanto, acredito que o final deste livro é muito mais importante que o seu
começo. Winston começa o livro comprando um caderno num dia frio de abril, e
termina o livro percebendo que ele ama o Grande Irmão. Um homem que tinha
desejo de revolução, que clamava por uma rebelião, foi vencido. Não importa se
dois mais dois são quatro: ele precisou se convencer de que dois mais dois são
cinco, sempre foram cinco e sempre serão cinco, até o dia que deixarem de ser.
“Como
um homem pode afirmar seu poder sobre outro? Fazendo-o sofrer. Poder é infligir
dor e humilhação. Poder é estraçalhar a mente humana e depois juntar outra vez
os pedaços, dando-lhes a forma que você quiser. [...] Se você quer imaginar o
futuro, imagine uma bota pisoteando um rosto humano – para sempre”.
Quero
terminar esta resenha com uma citação deste livro que sempre é citada de forma
positiva, quase juvenil. Mas quero citar esta frase tendo em mente de que, para
mim, ela significa algo extremamente sombrio: “Os melhores livros, compreendeu, são aqueles que
lhe dizem o que você já sabe”.
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