E eu disse isso pra ele uma vez, mas não tenho certeza se ele me ouviu. Mas vou dizer de novo para você: não entendo como você pode ficar tão preenchido com felicidade e euforia por causa de uma pessoa e no segundo seguinte tudo isso escorrer de dentro de você rapidamente, como se a tristeza tivesse levado tudo embora. Você não consegue parar de chorar, e é por causa da mesma pessoa que te fazia sorrir. João me quebrou e me remendou tantas vezes que é até difícil dizer se ele foi uma boa ou má influência na minha vida.
É estranho lembrar de
como os dedos dele cabiam perfeitamente nos espaços entre os meus. É estranho
como eu ainda acho uns fios de cabelo dele perdidos nas minhas coisas, mas daí
eu me lembro que ele arrancava de propósito e jogava por aí. É estranho lembrar
que meus moletons cabiam nele e os dele cabiam em mim, mesmo ele sendo muito
mais alto que eu. Eu me lembro de experimentar os óculos dele e ficar sem
enxergar nada, e me lembro do jeito como os olhos dele ficavam espremidos
quando eu fazia isso. Os sorrisos dele eram mais bonitos quando ele estava sem
óculos.
Lembro de todas as
vezes que eu quis descolorir o cabelo dele e ele não deixou. Lembro da noite em
que ele teve que me arrastar para debaixo do chuveiro para limpar o sangue do
meu cabelo e como alguns fios ficaram manchados de vermelho por dias. Lembro
que ele nunca me julgou pelo que aconteceu naquela noite. Lembro que ele cuidou
de todos os meus machucados, os físicos e os psicológicos. Lembro que ele se
importava, pelo menos na maior parte do tempo.
Uma vez ele me disse
que queria namorar uma pessoa com quem se sentisse confortável para fazer as
coisas mais absurdas do mundo e que ainda quisesse ficar com ele no fim do dia.
Eu queria gritar: “eu sou essa pessoa! Vamos ser estranhos juntos!”. Mas acho
que ele já sabia disso, só estava me testando. Ele fazia muito disso.
Uma vez ele me disse
que queria viajar pelo mundo. Eu conseguia vê-lo fazendo isso. Ele é o tipo de
pessoa que olharia para uma montanha e pensaria: “o que será que tem lá?”. E
daí ele subiria essa montanha e veria outras montanhas, ou o mar, ou um
penhasco, ou uma floresta, e pensaria: “o que será que eu vou encontrar lá?”. E
daí ele subiria outras montanhas, mergulharia no mar, se jogaria de um penhasco
ou adentraria uma floresta e depois de explorar tudo ele se deitaria no chão,
olharia para as estrelas e pensaria: “o que será que tem lá em cima?”.
E eu? Eu seguiria ele
para qualquer lugar. Tudo o que ele precisaria fazer é perguntar: “Icarus, você
quer vir comigo?”. E eu iria. Para onde ele quisesse.
________________________
Okay, esse foi o primeiro texto 100% original By Nath Lambert na coluna Nath Escritora! Ele pode ou não vir a fazer parte de um livro que eu escrevo, chamado "Icarus", que é um romance.
Espero que tenham gostado do texto, e espero que estejam curiosos para os próximos que estão por vir *~*
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