quarta-feira, 4 de novembro de 2015

A Velocidade da Luz, de Javier Cercas

A Velocidade da LuzAutor: Javier Cercas
Título original: La velocidad de la luz
Editora: Biblioteca Azul
É bom?: ★★★★★
Páginas: 248

Sinopse: Embaralhando ficção e realidade – os dados biográficos do narrador do romance coincidem em grande parte com os do autor –, Cercas agarra à unha aqui o tema da solidão do escritor diante do caos irredimível do mundo. Como encontrar uma voz própria em meio a essa algaravia? Como enunciar algo que não acrescente simplesmente ruído ao ruído?

O enredo de A velocidade da luz, grosso modo, é a relação entre um escritor espanhol e um veterano norte-americano da guerra do Vietnã, Rodney Falk, que ele conheceu na Universidade de Urbana, uma cidadezinha próxima a Chicago. Com base em suas lembranças de Falk e nas cartas que este mandava do front ao pai, o escritor/narrador pretende entender os enigmas do amigo americano e produzir um livro a respeito.
Assim como em Soldados de Salamina, a história narrada é também uma discussão sobre a tentativa de narrá-la. Como quem monta um quebra-cabeças infernal, o narrador busca reconstituir a trajetória de um homem dilacerado pelos horrores da guerra para dar a ela algum sentido. A tarefa, desde logo, é impossível, mas, como se diz a certa altura do romance, só merecem ser contadas as histórias que não se pode contar.


Queria começar essa resenha dizendo que faz pouco mais de uma hora que terminei de ler este livro e já decidi que ele é um dos meus favoritos da vida toda.

Editado: Quando escrevi a resenha fazia pouco mais de uma hora, mas continua sendo um dos meus favoritos pra vida.

Conheci este livro por intermédio de um de meus melhores miguxos, Gabriel, que curiosamente também é o nome de um personagem deste livro. Todos os livros que Gabriel me indica se revelam espetaculares, mas este ultrapassou todas as minhas expectativas.

Não quero me aprofundar muito na história do livro, pois qualquer informação que eu te der vai ser uma surpresa a menos que você terá ao ler. Mas, resumindo, o A Velocidade da Luz conta a história de um narrador sem nome, nascido na Espanha, cujo sonho é ser um escritor famoso. Ele se muda para Urbana, nos Estados Unidos, para lecionar espanhol, e é lá que conhece Rodney Falk, um ex-veterano da guerra do Vietnã (sabe aquela música, “era um garoto, que como eu, amava Beatles e os Rolling Stones...”? Então, essa guerra).  Os dois se tornam amigos, mas depois das férias de verão Rodney some e o narrador sem nome passa o resto do livro tentando entender essa personagem que é o Rodney.

Ah, manhãs preguiçosas com boas leituras *-*
A questão é que o livro é bem mais do que apenas um romance. O livro é, basicamente, um escritor (Javier Cercas) contando a história de um aspirante a escritor, que adora falar sobre o ato de escrever, que adora filosofar sobre a escrita, o sucesso e o fracasso dos escritores, e acho mais espetacular ainda que eu queira, também, ser escritora (veja só), então é um escritor escrevendo sobre um homem que quer ser escritor e uma garota que quer ser escritora está lendo esta história. Bem louco.

Não vou ficar rasgando o livro de elogios e nem falando minhas impressões sobre os sentimentos ou falta deles no livro, pois o autor já fez isso por mim. Ele escreveu vários diálogos entre seus personagens que debatiam por que escrever, para quem escrever, qual a finalidade de escrever,  que histórias devem ou não ser contadas e que histórias são de determinada forma e que histórias não são. Confesso que isso me poupou muito tempo dessa resenha.  Não queria perder um parágrafo inteiro falando sobre como eu praticamente bebia as palavras das páginas do livro, me recuso.


Uma última questão interessante: vi muitas pessoas que acham que este livro tem um quê de autobiográfico. Como o próprio autor coloca em debate no livro, todo escritor coloca um pouco de si e de sua vida no que escreve. Mas a questão não é saber se os personagens, a história, os acontecimentos ou qualquer outro aspecto do livro são reais. Como diz meu professor de literatura, “o importante não é contar a verdade, mas sim contar algo verossímil”. Acho que foi isso que o autor fez. Escreveu um livro tão brutalmente real (nos sentimentos, nos acontecimentos, em tudo) que todo mundo acha que aconteceu mesmo.

E essa resenha termina assim.

O Ventre da Baleia Anatomia de um Instante  Soldados de Salamina

Outros livros do autor, que eu estou aceitando de presente! Para abrir a página dos livros no skoob, clique na capa deles ;)

2 comentários:

  1. Oi Nath! ^-^
    Confesso que, pela premissa da história, jamais me passaria pela cabeça a ideia de dar uma chance a esse livro. Mãaas, graças a sua resenha e, mais especificamente, a esses dois trechos:

    "O livro é, basicamente, um escritor (Javier Cercas) contando a história de um aspirante a escritor, que adora falar sobre o ato de escrever, que adora filosofar sobre a escrita, o sucesso e o fracasso dos escritores, (...) então é um escritor escrevendo sobre um homem que quer ser escritor e uma garota que quer ser escritora está lendo esta história."
    "Ele escreveu vários diálogos entre seus personagens que debatiam por que escrever, para quem escrever, qual a finalidade de escrever, que histórias devem ou não ser contadas e que histórias são de determinada forma e que histórias não são.

    Agora eu estou com uma imensa vontade de ler esse livro ]: - pois é.
    Adoro livros em que o "ato de escrever" faça parte da história dos personagens. Querendo ou não, a gente sempre pega alguma dica ou faz alguma reflexão bacana quanto a nossa própria escrita.

    Já entrou para o meu Skoob! *-*

    Um super beijo :*
    www.inconstantecontroversia.blogspot.com

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    Respostas
    1. Se você gostou dessas partes, você vai AMAR esse livro! O autor tem citações espetaculares, fala de modo muito pessoal com você, e ele é tipo... SIMPLESMENTE INCRÍVEL! Sério, eu sou louca por esse livro, virou um dos meus favoritos *-*

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