Autora: Laurie Halse Anderson
Editora: Novo Conceito
Páginas: 272
Lia tem anorexia. A todo momento, ela reprime o desejo de comer qualquer tipo de coisa. Afinal de contas, ela é gorda. Enorme de gorda. Não cabe nesse planeta. E não entende como as pessoas a enxergam como uma garota magrela. A verdade é que Lia está tão magra, mas tão magra, que já foi internada duas vezes por anemia. Mas, quando a ideia de comer qualquer tipo de alimento, sendo muito ou pouco calórico, lhe vem à cabeça, ela fica maluca.
No início da história, Lia descobre que sua ex-melhor amiga, Cassie, foi encontrada morta num quarto de hotel, completamente sozinha. Causa da morte? Ainda desconhecida.
Lia sente-se profundamente culpada pela morte da amiga, que ligou para ela trinta e três vezes antes de morrer. Lia passa horas pensando "Se eu tivesse atendido, ela ainda estaria viva?". "O que ela queria comigo?".
Quando as duas estavam entrando na adolescência, elas fizeram uma aposta: que seriam as mais magras do colégio.
Mas aquilo se transformou numa disputa: Cassia queria ser mais magra que Lia e Lia tinha que ser mais magra que Cassie.
Durante todo o livro vemos o drama da anorexia de Lia, seus delírios, seu medo do fantasma de Cassie, sua vida arruinada pela doença, sua família desunida, sua falta de amigos. O livro todo é bem difícil de ler, a cada linha você sente mais pena de Lia, mais ódio desse mundo, e só quer que ela fique bem, que ela melhore.
Lia tem metas de peso. A cada meta alcançada, ela tenta chegar num peso cada vez menor. Para conseguir alcançar suas metas, ela mantêm um controle extremamente limitado das calorias que consome diariamente.
Além de não comer calorias suficientes para uma pessoa normal se manter saudável, Lia faz exercícios físicos escondidos da família, tentando perder o peso que ela já nem tem mais.
"Eles fizeram experimentos comigo por semanas. 40,3. 41. 42,1. 43. Eles entupiram a Lia-piñata com queijo derretido e migalhas de pão. 44,9 46,7. 47,1. 48. Eles me soltaram com 48,9 e um fichário vermelho-biscate com três espirais que continha todas as minhas lições: planos para refeições, consultas de acompanhamentos, (encantamentos mágicos) afirmações para manter distância dos maus pensamentos".
Página 137
O livro todo é narrado em primeira pessoa, contando a vida de uma pessoa com um profundo distúrbio alimentar. A narrativa de Lia é perfeita, muito bem construída. Acho que só quem já passou por situação parecidas ou quem já foi diagnosticado como psicótico sabe como é isso.
Minha psicóloga diagnosticou o meu transtorno de querer me cortar e fazer desenhos sangrentos e ter surtos de ver o que não existe como psicose em fase inicial. Assim como Lia, eu também sei como é ver as paredes se aproximando cada vez mais, o sangue escorrendo delas, te afogando num mar vermelho e salgado. A autora sobre representar uma pessoa com distúrbios de forma perfeita.
A anorexia (assim como a bulimia) é uma doença grave e que mata. Ela não mata apenas pelo fato de a pessoa pesar cada vez menos e estar anêmica de tão fraca. A doença ataca psicologicamente, fazendo a pessoa delirar (no caso de Lia, ver coisas que não existem) e até mesmo chegar a cometer suicídio. A Lia que as pessoas viam e a Lia que ela mesma via no espelho eram duas garotas diferentes. Mas, por dentro, ambas eram geladas, frias, frágeis.
Eu acho que o nome do livro deveria ter sido Garotas Geladas. Sim, acho mesmo. Por que? Bom, eu sei que Garotas de Vidro ressalta o fato delas serem frágeis, quebradiças, mas não combinou muito com a proposta. Até por que "Garotas Geladas" é o termo que elas mesmas (as anoréxicas) usam para se definirem.
O livro tem apenas 270 páginas, eu o li em dois dias, e concluo que ele tem um leitura fluída, mas não fácil. Conforme você vai lendo e entrando nas sombras da mente de Lia, começa a entender que esse livro não trata apenas de um drama familiar: trata-se de um drama psicológico que só quem o vive entende. Em outras palavras, ninguém pode ajudar Lia, ela mesma tem que se salvar. O problema é que ela não quer ser salva.
O final do livro foi bom e combinou com a história. Foi um final feliz sem ser algo forçado. Espero que ninguém tenha a esperança de que Cassie volte a vida, por que isso não acontece. Mais do que uma história dramática, Garotas de Vidro mostra como não podemos voltar atrás em nossas decisões, mas que sempre temos a oportunidade de mudar nosso futuro pra melhor.
No início da história, Lia descobre que sua ex-melhor amiga, Cassie, foi encontrada morta num quarto de hotel, completamente sozinha. Causa da morte? Ainda desconhecida.
Lia sente-se profundamente culpada pela morte da amiga, que ligou para ela trinta e três vezes antes de morrer. Lia passa horas pensando "Se eu tivesse atendido, ela ainda estaria viva?". "O que ela queria comigo?".
Quando as duas estavam entrando na adolescência, elas fizeram uma aposta: que seriam as mais magras do colégio.
Mas aquilo se transformou numa disputa: Cassia queria ser mais magra que Lia e Lia tinha que ser mais magra que Cassie.
Durante todo o livro vemos o drama da anorexia de Lia, seus delírios, seu medo do fantasma de Cassie, sua vida arruinada pela doença, sua família desunida, sua falta de amigos. O livro todo é bem difícil de ler, a cada linha você sente mais pena de Lia, mais ódio desse mundo, e só quer que ela fique bem, que ela melhore.
Lia tem metas de peso. A cada meta alcançada, ela tenta chegar num peso cada vez menor. Para conseguir alcançar suas metas, ela mantêm um controle extremamente limitado das calorias que consome diariamente.
Além de não comer calorias suficientes para uma pessoa normal se manter saudável, Lia faz exercícios físicos escondidos da família, tentando perder o peso que ela já nem tem mais.
"Eles fizeram experimentos comigo por semanas. 40,3. 41. 42,1. 43. Eles entupiram a Lia-piñata com queijo derretido e migalhas de pão. 44,9 46,7. 47,1. 48. Eles me soltaram com 48,9 e um fichário vermelho-biscate com três espirais que continha todas as minhas lições: planos para refeições, consultas de acompanhamentos, (encantamentos mágicos) afirmações para manter distância dos maus pensamentos".
Página 137
O livro todo é narrado em primeira pessoa, contando a vida de uma pessoa com um profundo distúrbio alimentar. A narrativa de Lia é perfeita, muito bem construída. Acho que só quem já passou por situação parecidas ou quem já foi diagnosticado como psicótico sabe como é isso.
Minha psicóloga diagnosticou o meu transtorno de querer me cortar e fazer desenhos sangrentos e ter surtos de ver o que não existe como psicose em fase inicial. Assim como Lia, eu também sei como é ver as paredes se aproximando cada vez mais, o sangue escorrendo delas, te afogando num mar vermelho e salgado. A autora sobre representar uma pessoa com distúrbios de forma perfeita.
A anorexia (assim como a bulimia) é uma doença grave e que mata. Ela não mata apenas pelo fato de a pessoa pesar cada vez menos e estar anêmica de tão fraca. A doença ataca psicologicamente, fazendo a pessoa delirar (no caso de Lia, ver coisas que não existem) e até mesmo chegar a cometer suicídio. A Lia que as pessoas viam e a Lia que ela mesma via no espelho eram duas garotas diferentes. Mas, por dentro, ambas eram geladas, frias, frágeis.
Eu acho que o nome do livro deveria ter sido Garotas Geladas. Sim, acho mesmo. Por que? Bom, eu sei que Garotas de Vidro ressalta o fato delas serem frágeis, quebradiças, mas não combinou muito com a proposta. Até por que "Garotas Geladas" é o termo que elas mesmas (as anoréxicas) usam para se definirem.
O livro tem apenas 270 páginas, eu o li em dois dias, e concluo que ele tem um leitura fluída, mas não fácil. Conforme você vai lendo e entrando nas sombras da mente de Lia, começa a entender que esse livro não trata apenas de um drama familiar: trata-se de um drama psicológico que só quem o vive entende. Em outras palavras, ninguém pode ajudar Lia, ela mesma tem que se salvar. O problema é que ela não quer ser salva.
O final do livro foi bom e combinou com a história. Foi um final feliz sem ser algo forçado. Espero que ninguém tenha a esperança de que Cassie volte a vida, por que isso não acontece. Mais do que uma história dramática, Garotas de Vidro mostra como não podemos voltar atrás em nossas decisões, mas que sempre temos a oportunidade de mudar nosso futuro pra melhor.
Oi Nath!
ResponderExcluirGostei da história de sempre podermos mudar o futuro para melhor,é uma bela mensagem para se passar.A capa engana muito,nunca imaginei que Garotas de Vidro abordasse um tema como esse, distúrbios alimentares,interessante.
Bjos Fabi
http://roubando-livros.blogspot.com
Oi!
ResponderExcluirAdorei a resenha! Já li "Garotas de Vidro" e gostei muito. Concordo com quase tudo o que você disse.
Eu acho a capa linda e a história é muito boa.
Abraço!
"Palavras ao Vento..."
www.leandro-de-lira.com
Fabiane: KKKKK OBG!! Me senti inspirada na hr de escrever essa resenha =D
ResponderExcluirLeandro: Eu comentei a resenha do seu blog, que ficou muito boa!
Muito boa sua resenha. Esse livro parece ser bem interessante, e tem um tema bem atual. Esse vai ser um dos próximos livros que pretendo ler.
ResponderExcluirBeijos :)
http://ummundodecomentarios.blogspot.com.br/
Seguindo *_*
Obrigado!
ResponderExcluirEu to bem curiosa quanto a Garotas de Vidro, mesmo. Parece ser um livro bem forte, então eu to esperando o momento certo para começar a lê-lo.
ResponderExcluirComo você já passou por essa situação, acho que pra você tenha sido um pouco difícil, não é? Ver outra pessoa sentindo o mesmo que você e te contando isso. Bom, eu pelo menos acharia esse tema bem difícil.
Não sabia que o termo "Garotas Geladas" existia... legal saber.
Um beijo,
Luara - Estante Vertical
Oie...
ResponderExcluirTudo bom?
A capa deste livro me chama muita atenção, e a história parece ser bem impactante, mas ainda não li....
Adorei seu blog... Já estou seguindo...
Depois dá uma passadinha no meu para conhecer... Relíquias da Lylu =D
http://reliquiasdalylu.blogspot.com.br
Luara: O livro é bem realístico quanto a situação de Lia, o que eu julgo o ponto mais forte da história. E, por ser realístico, ele se torna algo pesado, você sente agonia em várias cenas. Se pergunta por que a Lia faz aquilo consigo mesma.
ResponderExcluirLylu: Chama muito a atenção, além de ser uma ótima história =D
Bjs!
Nunca imaginei ver um livro tão bem escrito sobre anorexia, de verdade. É um assunto que me intriga muito e que eu já acompanhei bem de perto. Adorei demais a resenha, o estilo de escrita do livro e confesso estar procurando pelo ebook porque a falta de dinheiro é triste. :(
ResponderExcluirhttp://porfavorsenhorita.blogspot.com
Ah, o livro é espetacular. Eu nunca cheguei a acompanhar anorexia, mas já acompanhei outros distúrbios mentais e físicos. Não sei se tem ebook, mas, se não há, logo terá, por que o livro é imperdível!
ResponderExcluir