Título original: Memoirs of a Geisha
Editora: Imago
É bom?: ★★★★★
Páginas: 460
É bom?: ★★★★★
Páginas: 460
Sinopse: "Memórias de uma Gueixa" é um romance fascinante, para ser lido de várias maneiras: como um mergulho na tradicional cultura japonesa, ou um romance sobre a sexualidade, e ainda, como uma descrição minuciosa da alma de uma mulher já apresentada por um homem. Seu relato tem início numa vila pobre de pescadores, em 1929, onde a menina de nove anos é tirada de casa e vendida como escrava. Pouco a pouco, vamos acompanhar sua transformação pelas artes da dança e da música, do vestuário e da maquilagem; e a educação para detalhes como a maneira de servir saquê revelando apenas um ponto do lado interno do pulso - armas e mais armas para as batalhas pela atenção dos homens. Mas a Segunda Guerra Mundial força o fechamento das casas de gueixas e Sayuri vê-se forçada a se reinventar em outros termos, em outras paisagens.
Ler Memórias de Uma Gueixa foi, sem sombra de dúvidas, uma verdadeira jornada.
Quero começar esta resenha já deixando claro que eu não sabia praticamente nada sobre o livro antes de lê-lo. De fato, apenas tive curiosidade de ler a obra após ter visto uma edição da mesma em inglês da minha faculdade e de ter gostado do prólogo (que, afinal, nada tem a ver com o restante do livro).
O livro começa com um estudioso da cultura japonesa (não confundir com o autor!) falando sobre sua amizade com uma senhora empresária, ex-gueixa, chamada Sayuri Nitta. Nosso estudioso respeita muito Sayuri, que já é uma senhora, e lhe propõe escrever suas memórias caso ela esteja de acordo com uma biografia sobre ela. Sayuri aceita, e então o livro começa. O escritor nunca mais é mencionado.
Através da voz "fantasma" do estudioso Jakob, Sayuri nos conta sua vida de forma perfeitamente cronológica. Tudo começa quando ela ainda era criança e vivia com a família (o pai, a mãe a irmã mais velha) numa pequena ilha no Japão. Naquela época, Sayuri se chamava Chiyo, e era uma menina muito doce e inocente, sempre preocupada com a mãe, muito doente. Quando parece que a mãe de Chiyo está prestes a morrer, seu pai a vende para um comerciante rico, Sr. Tanaka, e este por sua vez a vende para um okyia, uma casa que treina gueixas.
Esse é o primeiro momento chocante da narrativa, mas certamente não é o último. Chiyo foi separada da irmã, que foi enviada para uma casa de prostituição, e, apesar da dor de se separar da família, Chiyo se empenha muito em se tornar uma gueixa. É o único destino ao qual ela tem acesso. Claro que isso não será simples, pois a única moça que já é gueixa em seu okyia é uma mulher bela e cruel chamada Hatsumomo, disposta a fazer de tudo para destruir a vida de Chiyo, e de qualquer outra jovem gueixa.
O livro tem maior enfoque na pré-adolescência de Chiyo e nos seus primeiros anos como gueixa (dos 14 aos 19 anos). O livro conta toda a experiência que Chiyo teve de adquirir para se tornar uma gueixa, desde dança, música, contar história e aprender a muito importante cerimônia do chá. Também somos apresentados a vários aspectos da cultura japonesa, ganhando explicações interessantíssimas sobre quimonos, maquiagem, sobre como era a vida e a economia no Japão da década de 30, dentre outras coisas.
É claro que o livro passa pela Segunda Guerra Mundial, e confesso que esta foi minha parte menos favorita. Não pelo teor sombrio da época, mas sim por que o autor deliberadamente negligenciou esse período histórico. Ele poderia ter falado muito mais sobre a guerra e a política, principalmente do ponto de vista de uma mulher que apenas quer sobreviver, mas ele preferiu dedicar menos de 50 páginas para esse momento da narrativa, e mais de 400 para, sejamos sinceros, intrigas entre mulheres.
A leitura deste livro me proporcionou uma jornada muito imersiva na cultura japonesa. Digo isso pois a narrativa do autor é impecável, em nenhum momento ele soa como um homem, sempre imaginei a narradora como uma senhorinha japonesa contando sobre sua vida, com leves relances de jovialidade e juventude ali e aqui, mas também muita sabedoria. Gostei da forma como o autor enaltece motivos japoneses na narrativa, falando sobre a textura dos papéis, explicando os cheiros e as cores das tintas e maquiagens. Na minha opinião, ele soube criar quase que perfeitamente uma atmosfera japonesa.
Eu adorei a leitura, adorei a narrativa e, acima de tudo, amei as personagens. Foram o coração da história, e gostei demais de conhecer cada uma delas. Apesar de alguns pequenos defeitos, que no final das contas dizem mais respeito às minhas expectativas do que qualquer outra coisa, eu recomendo este livro a qualquer pessoa que goste de romances históricos e esteja disposta a conhecer mais sobre a cultura japonesa.
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