Olar, pessoas maravilhosas! Hoje trago-lhes o terceiro textaum maroto que a Nath escreveu. Espero que gostem!
____________________
Fui acordada por meu pai quando estava usando meu pijama padrão: calças largas de moletom cinza e blusa preta de academia. Meu pai
estava totalmente vestido, usando um terno bege de aparência cara e com os
cabelos penteados para trás.
- Está quase na hora – ele disse, apontando para o seu
relógio de pulso de ouro. Faltava meia hora para três da manhã.
Meu pai me puxou da cama e me levou para fora de casa, sem
me deixar trocar de roupa. A cidade lá fora estava movimentada, mesmo sendo o
meio da madrugada. Carros passavam como borrões e luzes de todas as cores
piscavam por toda a parte. No entanto tudo estava escuro, como que envolto num filtro índigo e violeta.
Fui empurrada para dentro do carro de meu pai, e então ele dirigiu pela cidade como um louco, fazendo curvas perigosas e falando no telefone
celular. Eu não conseguia entender o que ele dizia, pois deveria ser em outra
língua.
Logo mais chegamos ao nosso destino. Meu pai desligou o
carro, deixando o interior do veículo completamente imerso em escuridão
azulada. Papai bateu no vidro do carro, pedindo que eu também saísse.
Obedeci.
Estava ventando forte lá fora e tudo parecia escuro, exceto
a entrada de um edifício grande e cor de osso. A entrada era altiva e lembrava
a entrada de uma igreja, exceto que aquela construção podia ser qualquer coisa,
menos divina. Havia um símbolo desenhado numa bandeira violeta na entrada. O
símbolo era vermelho e com desenhos de espirais entrelaçadas. Era lindo, mas
assustador.
Meu pai me guiou para dentro da construção e lá dentro era
diferente de tudo o que eu imaginava. Tudo parecia bege e dourado, e havia
vários homens e mulheres mais velhos usando roupas elegantes, como as de meu
pai.
Havia outros jovens como eu: garotos e garotas usando roupas
violetas e índigo com o mesmo símbolo vermelho desenhado no peito. Outros
adolescentes pareciam tão perdidos quanto eu, usando pijamas e roupas de
moletom.
As pessoas que obviamente já estiveram ali antes estavam
comendo petiscos com aparência cara, provavelmente frutos do mar, e bebiam
champanhe dourado em taças brilhantes. Um garoto de cabelos loiros usando pijamas
confortáveis chegou perto de mim. Ele colocou as mãos em meus ombros com força,
me apertando.
- O que está acontecendo? – me perguntou. Parecia
extremamente desesperado.
De repente uma sirene soou e a sala ficou escura. Todos os
adultos e os jovens de uniforme convergiram para uma porta do lado oposto da
que eu tinha entrado.
- Não faço a menor ideia – respondi, me livrando do aperto do garoto e
deixando-o sozinho na escuridão.
Segui a multidão e descobri que, do outro lado da porta,
havia algo parecido com um estádio de futebol, mas sem o campo. Arquibancadas
extensas existiam dos dois lados, mas os homens e mulheres elegantes só se
sentaram perto da porta. Os adolescente formaram um barreira nas grades, se
empurrando para ver o que havia lá embaixo. Cheguei mais perto e também vi.
Do outro lado havia uma porta muito parecida, mas de lá
saiam pessoas com roupas sociais escuras. Pareciam roupas caríssimas, mas sem pompa ou
frescuras. Homens e mulheres – pais dos adolescentes? – ocuparam mais espaço
nas arquibancadas enquanto jovens usando uniformes verdes e azul-turquesa, com
um símbolo negro no peito, que lembrava garras pontudas, entravam por todos os
lados e se penduravam nas grades.
A arena lá embaixo era um pedaço de pedra escura cercada por
água tão negra que não podia ser pura. Tochas de fogo azulado estavam acesas
por toda a parte, e foi então que um adolescente de cabelos castanhos curtos de
uniforme verde e azul-turquesa pulou para o meio da arena.
Na minha visão, um pulo daqueles teria feito-o quebrar pelo menos três costelas e ambas as pernas, mas ele parecia muito bem. Ele levantou
os braços e as pessoas do outro lado da arquibancada gritavam, enlouquecidas.
Os adolescentes do meu lado começavam a vaiá-lo, e foi então que alguém
empurrou o garoto de cabelos loiros de antes para o meio da arquibancada.
Ele caiu com força, e o barulho de sua queda calou a todos
no ambiente. Espantosamente, ele conseguiu ficar de pé alguns segundos depois,
desorientado, mas bem.
O garoto de uniforme turquesa não perdeu tempo esperando seu
oponente se recuperar. Ele abriu a mão em frente a seu rosto e um facho de luz
dourada surgiu ali. A luz dourada atraiu, de alguma forma, uma quantidade de ar
em volta dele, fazendo com que seus cabelos ondulassem e suas vestes subissem, como
se tivessem vida própria.
A luz dourada desapareceu e o garoto loiro começou a
flutuar, sem entender o que acontecia a seu redor. Ele foi atirado com força em
direção à parede e uma cachoeira de sangue escorreu de seus lábios e nariz. O
garoto escorregou lentamente e caiu na água. Ficou lá por dois longos minutos,
até que o um número se materializou no centro da arena: 86.
As pessoas do outro lado da arena gritavam de prazer
enquanto seu guerreiro cerrava os punhos e encavara o chão. Parecia sentir dor. Os adolescentes anunciavam
um grito de guerra bem ensaiado:
Lutamos
ao lado dos homens bons
E
nenhum feixe de escuridão pode existir
Onde
há luz
Do meu lado da arena, todos os adolescentes olharam para
trás, e eu os imitei. Um homem em um terno preto e de gravada azul observava a
arena, de pé, sem acreditar no que via. Depois de uns bons segundos de
contemplação, a surpresa fugiu de seu rosto, sendo substituída por uma
expressão séria.
- Desapontamento. Isso é o que ele sempre foi – Disse, e
saiu da arquibancada a passos lentos.
As pessoas do meu lado esqueceram o homem rapidamente quando
o lado oposto gritava para que mandassem mais alguém. Foi então que senti uma
mão em meu ombro. Olhei para trás.
Um garoto alto, de cabelos negros espetados num
moicano punk e usando mais piercings do que eu podia contar, me encarava. Ele
segurou minha mão e colocou algo dentro dela: um amuleto em formato de cristal,
de cor roxa e pesado.
- Me devolva depois – disse, e me empurrou para a arena.
Caí de costas e fiquei no chão por uns bons 10 segundos.
Eu ouvi vaias e gritos de encorajamento, levemente abafados por um chiado em meus ouvidos. Fiquei de pé,
sentindo meu corpo doer, mas nada muito sério. O garoto de uniforme turquesa me
encarava com um sorriso de vampiro, mas exalava hesitação.
- Vou fazer algo diferente desta vez – disse, e andou em
minha direção.
Eu estava sem saber o que fazer e fiquei parada, assistindo
ele se aproximar a passos sonoros. Quando vi que ele estava chegando muito
perto, comecei a recuar, mas não pude mais andar quando meus pés chegaram nos
limites da arena e tudo o que restava era água negra e turva. Ao estar frente a
frente comigo ele tocou minha garganta com um dedo e eu senti todo o ar fugir
de meus pulmões. Desabei sobre ele, segurando suas roupas e olhando-o nos
olhos. Ele sorria, mas o sorriso não chegava aos seus olhos.
Ele tinha poder, mas tinha medo de usá-lo.
O amuleto ainda estava em minha mão, então tentei me
concentrar nele. Senti a pedra ficando quente em minha mão direita, e o garoto
recuou no mesmo instante. Vi que havia queimado sua roupa e sua pele onde a
pedra tocava.
Quando percebi que podia respirar novamentem eu pude ouvir a
arena explodindo de gritos lá em cima. Não conseguia reconhecer ninguém, em
nenhum dos lados.
Eu estava sozinha.
- Como fez isso? – O garoto me perguntou, incrédulo.
Minha voz parecia muito enferrujada, então tudo o que fiz
foi estender o amuleto para ele. Ao ver a pedra sua expressão tomou a escuridão
à sua volta e ele parecia cheio de ódio. Hesitei, e foi então que o amuleto
explodiu em chamas laranjas e amarelas em minha mão. Era quente, mas não me queimava.
Instintivamente, joguei o amuleto longe. E foi então que uma
cortina de fogo brilhante se estendeu à minha frente, queimando tudo o que
estava ali.
O fogo se dispersou alguns segundos depois, e tudo o que
restava na arena era eu, com a expressão lívida, um cadáver carbonizado, e um
amuleto brilhante entre nós.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá, ser (in)humano! Tudo bão?
Então, seje feliz e comente o que quiser! Só não vale ser preconceituoso, postar conteúdo indevido ou me encher de spam (eu tenho lotes para capinar, sabia?).
Caso tenha alguma pergunta sobre o post, pode comentar que eu responderei dentro de 24 horas. Mas, se quiser, pode me mandar um e-mail! Meu endereço é: nlbrustolin@hotmail.com
Divirta-se =D