Título original: Pure
Editora: Intrínseca
É bom?: ★★★★★
Páginas: 368
Sinopse: Pressia pouco se lembra das Explosões ou de sua vida no Antes. Deitada no armário de dormir, nos fundos de uma antiga barbearia em ruínas onde se esconde com o avô, ela pensa em tudo o que foi perdido — como um mundo com parques incríveis, cinemas, festas de aniversário, pais e mães foi reduzido a somente cinzas e poeira, cicatrizes, queimaduras, corpos mutilados e fundidos. Agora, em uma época em que todos os jovens são obrigados a se entregar às milícias para, com sorte, serem treinados ou, se tiverem azar, abatidos, Pressia não pode mais fingir que ainda é uma criança. Sua única saída é fugir.Houve, porém, quem escapasse ileso do Apocalipse. Esses são os Puros, mantidos a salvo das cinzas pelo Domo, que protege seus corpos saudáveis e superiores. Partridge é um desses privilegiados, mas não se sente assim. Filho de um dos homens mais influentes do Domo, ele, assim como Pressia, pensa nas perdas. Talvez porque sua própria família se desfez: o pai é emocionalmente distante, o irmão cometeu o suicídio e a mãe não conseguiu chegar ao abrigo do Domo. Ou talvez seja a claustrofobia, a sensação de que o Domo se transformou em uma prisão de regras extremamente rígidas. Quando uma frase dita sem querer dá a entender que sua mãe pode estar viva, ele arrisca tudo e sai à sua procura. Dois universos opostos se chocam quando Pressia e Partridge se encontram. Porém, eles logo percebem que para alcançarem o que desejam — e continuar vivos — precisarão unir suas forças.
“Queime um Puro e respire as cinzas
De suas entranhas, faça umas cintas.
Com seus cabelos, teça um cordão.
E de seus ossos faça um Puro sabão.”
Okay, esta resenha será um pouco diferente das resenhas que eu costumo fazer. Primeiro, por que Puros é um livro diferente de todos os que eu já vi (mesmo que distopias estejam na moda) e segundo por que ESTE LIVRO É FOD*!
Eu não sabia bem o que esperar de Puros. Minha mãe me deu ele de presente de natal em 2012, eu sequer li a sinopse - não por desinteresse, eu raramente leio sinopses - e achei a capa estranha, mas li-o mesmo assim. Isso em 2012. Essa resenha é antiga :p
O mundo de Pressia e o Domo. |
No skoob, muita gente classifica o livro como bom, mas o enche de poréns. As reclamações mais frequentes são:
1. O começo é lento, a autora fica tentando mostrar demais o mundo devastado em que Pressia, a personagem principal, vive;
2. Partridge deixa a desejar como protagonista, é parado e não faz muita coisa, é mimado;
3. Não entendi bulhufas sobre essas mutações estranhas que aconteceram com as pessoas;
4. O livro é cruel e horrível, me senti mal lendo, como se os seres humanos vivessem necessariamente para sofrer;
5. O tema é pouco abordado em livros/filmes/jogos e me senti perdido em meio a tanta informação.
A personagem principal, Pressia, |
Agora vou mostrar por que acho que esses "defeitos" que colocaram em Puros são, na verdade, "acertos":
1. O começo do livro ser lento é um dos pontos mais fortes da história. A autora explica os mundos da Pressia e de Partridge perfeitamente (e também descreve a visão deles do mundo um do outro, e do mundo de Antes). Isso é essencial para que você entenda o livro. Você realmente acha que se algo bombástico acontecesse logo no início do livro os leitores iriam prestar atenção nos detalhes?
2. Partridge nasceu e viveu toda sua vida no Domo, sendo criado num internato que lhe dava uma educação exemplar, alimentação, abrigo e companhia. No entanto, motivado pelo suicídio do irmão e pela centelha de esperança de que a mãe esteja viva, Partridge decide sair do Domo e ir em busca dela, já que a vida artificial que está levando não faz sentido. Na minha opinião, Partridge é o personagem mais incrível do livro, e nada aconteceria se não fosse por ele. Por favor, ele sai do Domo, vai à luta em busca de respostas, consegue aliados no mundo devastado, enfrenta o próprio pai e a próprio sistema supostamente perfeito com o qual foi criado! Como você pode dizer que o Partridge não é um bom protagonista?!
3. Prestasse mais atenção no começo do livro, a autora explica tudinho. Basicamente, a bomba explodiu, a radiação criou mutações nos humanos, misturando o material genético deles com objetos/pessoas que estavam próximas naquele momento. Pressia, que segurava sua boneca, teve a mão fundida no brinquedo, e assim por diante.
4. Você quer que uma distopia seja como? O homem é naturalmente corrupto e manipulador. Se uma pessoa acha que, para atingir seu objetivo, ela tem que fazer mal a outra pessoa, ela VAI fazer mal a outra pessoa. O ser humano geralmente decide que a ideologia dele é mais importante que o bem estar de outro ser humano. Naquele mundo, a superpopulação preocupava a todos e aniquilar uma grande quantidade de gente era a solução mais viável. E, pelo fato de ter humanos sobreviventes que vivem bem e outros que vivem mal, acho que foi uma ótima escolha da autora contrabalancear os dois lados da moeda, mostrando como o mundo devastado e a vida com mutações é dura, mas também exibindo que o Domo não é perfeito. Resumindo: por que acharíamos que o Domo é um bom lugar se não houvesse o horror que é viver do lado de fora? E por que pensaríamos que a limitação que existe no Domo é ruim se não víssemos como as pessoas do Antes eram livres?
5. a. É exatamente por isso que a história é inovadora;
b. É por isso que a autora nos convida, gentilmente, em sua parte dedicada aos agradecimentos (que poucos leem) que pesquisemos sobre o assunto, procuremos saber mais sobre bombas atômicas e que não devemos nos esquecer do sofrimento das pessoas.
Puros é o primeiro livro de uma trilogia, mas faz tanto tempo que eu li este livro e nada da continuação sair do Brasil que eu acho que a Intrínseca desistiu dessa saga. Uma pena. Espero poder ler em inglês quando meu orçamento permitir.
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